segunda-feira, 25 de julho de 2016

             SOBRE UM "ESTRANHO SOCIOLÓGICO"


                 


É importante sair da casca do ovo, ter contato com a população do país real, de preferência de bairros onde a criminalidade domina. Lá onde não existe politização, só a luta dura pela sobrevivência, onde a esperteza, a trapaça e a lei do silêncio dominam.

Frequentei muitas vezes o bairro de Lobato em Salvador quando um amigo tinha um comércio lá. Voto lá só com grana na frente. Salafrários e pessoas de bem ocupam o mesmo espaço mas não se misturam.

Quem se queixa dos políticos não conhece o eleitorado. Os políticos são extraídos da sociedade que os elegeu. Vamos ser sinceros pois não gosto de perder tempo: o eleitorado é do mesmo esgoto que saem os políticos. Ou não? Como dizia um entendido no assunto: por um cano de esgoto não passa uma gota de água limpa.

A desonestidade é entranhada no tecido social brasileiro e isto impede a defesa e aceitação de qualquer proposta política pois quanto mais radical mais escorada em valores.

Sem chances então para quem se apóia em princípios. A população não sabe o que é isto, desdenha, e aí só quem fatura é a direita. Uma população moralmente degradada é a ruína para qualquer projeto revolucionário ou mesmo reformista.

A população dos bairros periféricos das grandes cidades vive no limite, na zona de penumbra que a separa da criminalidade mais exposta e atrevida.

Quando comparada com o que se chama classe média quem tem olhos para ver verá que um muro invisível, cultural, separa as duas partes, parecem dois planetas distantes, dois mundos, é uma divisão cultural mais que material que cria duas cidades opostas, dois países em um só apenas ocupando o mesmo espaço e de costas para o outro.

O crime e o desrespeito por qualquer regra de civilidade dominam nos bairros periféricos. Na aparência parece apenas uma cidade mas na verdade são duas. Quem vive em uma não frequenta a outra pois pode ser um erro sem volta.

Quem de classe média se arrisca em uma excursão em qualquer bairro periférico? Favela tem regras próprias. Uma delas, qualquer uma pessoa estranha é logo detectada e com o domínio de criminosos violentos isto pode ser fatal.

Na verdade existem dois universos culturalmente diferentes. Os detalhes do que seja isso dá um tratado, que vai de como se vê a honestidade, o respeito pela vida, o respeito aos direitos humanos e aos direitos dos outros e por aí vai.

Uma coisa é certa: são dois mundos que não se bicam. Outra coisa, política é coisa estranha ao mundo periférico, lá não existe espaço para a defesa de outra coisa que não seja o interesse pessoal.

A política já é uma atividade que conduz ao amoralismo, mesmo exigindo princípios o tempo inteiro, e que piora ou se torna inviável em um ambiente de eleitores que vivem na zona de penumbra entre o crime e a lei.

Do meu ponto de vista existe uma conexão entre as desgraças do PSDB e a população, como se fosse o casamento entre o sujo e o encardido. Como sou sociólogo e sei que se pode construir uma pessoa pois todo ser humana é resultado de uma montagem chamada de socialização não tenho dúvidas que a engenharia social do PSDB opera para consolidar a divisão que já existe no país.

Sei que o povo brasileiro é resultado do trabalho da classe dominante, que o aviltou e avilta, retirando qualquer sentimento de honra, amor próprio e compreensão dos processos sociais.

Os meios usados para isto? O analfabetismo, a intimidação, a pobreza, a manipulação das percepções e pensamentos pelo que veicula pelos meios de comunicação. O racismo tem sido o mais recente recurso pois ela sabe que se dividir a população em um conflito racista ela ganha de saída o apoio da população branca.

Não tenho dúvidas que degradar e dividir a população faz parte do processo de dominação. O Exército incentivou o puxa-saquismo, a deduragem, a delação e a subserviência durante toda a ditadura e sempre olhou com suspeição pessoas altivas.

Um exemplo, prefeitos ladrões nunca foram ou irão presos nem na época da ditadura nem agora. Se o sistema começar a prender prefeitos larápios o país explode pois o braço da dominação política mais efetiva é operado pelos prefeitos.

Portanto, formar e incentivar vagabundos faz parte do processo de dominação política.


2 comentários:

  1. Ótima análise, gostei muito e concordo com tudo! Obg

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  2. Muito agradecido Veridiana por participar lendo e comentando o que veiculo através deste modesto blog.

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