quinta-feira, 16 de janeiro de 2020

                            ADEUS ÀS ARMAS [1]



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O livro "Hemingway em Cuba", de Norberto Fuentes, com tradução para o português brasileiro de Eric Nepomuceno, aborda os 22 anos em que Hemingway viveu em Cuba, seu cotidiano, amizades, pescarias, visitantes e afetos.

Gosto da escrita de Hemingway desde a juventude e nunca perdi a admiração por sua atitude sem condescendência com o sentimentalismo.

O sentimentalismo é uma coisa gosmenta, é a morada da fraqueza e do mau-caratismo, a matéria com que se faz a escória que não suporta conviver com a realidade.

A esta escumalha Salomão chamava de estúpidos, estultos; eu prefiro chamar de ratos, mesmo sabendo que estou ofendendo estes roedores, pois a verdade só pode ser alcançada por espíritos intrépidos.

"Adeus às Armas" é puro Eclesiastes ou puro Hemingway, como quiser. A fadiga da faina, a brevidade ou inutilidade das vitórias e a persistência na obra, mesmo sabendo que não se vai obter êxito, estão ali gravadas.

Eclesiastes e Meditações, de Marco Aurélio, são as obras que melhor condensam os filosofemas do estoicismo. Se imputa a Salomão além de Eclesiastes a autoria de Cânticos, o livro de erotismo da Bíblia. Se o livro for realmente dele fica indene de dúvidas que também sabia aproveitar a vida pois sabia comer uma criatura.


O jovem toureiro de "O Sol Também se Levanta" é um símbolo de estoicismo, tantas vezes atingido pelos socos de um fracote e atirado ao chão, se ergue.

Se as palavras de Salomão merecerem crédito fica patente que a escumalha domina o mundo desde o começo de tudo mas com a sociedade de massas chegou ao topo.

Segundo suas palavras "Aquilo que foi feito torto não pode ser endireitado." Então fecha o caixão e segue o enterro que este mundo não tem jeito.


Nota

[1] ADEUS ÀS ARMAS
https://www.youtube.com/watch?v=DRQtpcXFOCU

quarta-feira, 8 de janeiro de 2020


       "El Pepe - Uma vida suprema"



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É muito bom o filme "El Pepe - Uma vida suprema", documentário sobre a vida do ex-guerrilheiro e ex-presidente do Uruguai José "Pepe" Mujica, dirigido por Emir Kusturica. Está na Netflix; é satisfação garantida ou seu dinheiro de volta.

Pepe Mujica é mais que um político, é um estadista, um homem que pensa nas próximas gerações e não somente no horizonte da próxima eleição.

Sua preocupação com a preservação de outras espécies, com o reflorestamento e com o melhoramento do ser humano pelo fator cultural é de quem tem largueza de espírito.

Desde que li seu discurso na ONU que me lembrei de Marco Aurélio, o imperador romano e filósofo estóico, pelos valores que evoca.

Vejam como Pepe Mujica filosofa no filme: "Às vezes o que é bom é ruim, às vezes o que é ruim é bom." É para se refletir.

Ele tem poucos bens materiais e sabe que “é mais fácil adquirir as coisas que se livrar delas” e que ”os homens se transformaram em instrumentos de seus instrumentos”, como disse Henry D. Thoreau.  

Os reveses da vida podem amesquinhar-nos, nos tornar pequenos, ou nos fazer melhores. No caso de Mujica a solidão de 12 anos de cadeia política o tornou melhor.

Rui Barbosa pensava de maneira idêntica sobre inimigos e  vicissitudes e escreveu em seu discurso ORAÇÃO AOS MOÇOS que muito do que era devia às adversidades e aos inimigos.

Tudo muito bem, tudo muito bom, mas não é possível que nesta contribuição dada pelos inimigos para o progresso moral de alguém esteja a daqueles inimigos implacáveis e comprometidos com seu fim. Este é um caso para se cavar uma trincheira e atirar com as  duas mãos até o último cartucho.

Aqui está o link para seu memorável discurso na ONU.