quinta-feira, 2 de junho de 2022

        A FALTA QUE FAZ A LEITURA DE UNS LIVROS

  



 O acordo que a cúpula do PT articulou sob o comando do Presidente para que Geraldo Alckmin seja o candidato a vice-Presidente da República tem gerado desinteligências na web, principalmente entre quem não entendeu o mecanismo da política prática.

Interpreto os fatos da seguinte maneira: o Presidente Lula e o PT só ganharam eleições para Presidente e governaram depois que tiveram votos fora do campo da esquerda e capturaram votos do centro político.

Desde a eleição de 2014 que o centro político e o PSDB estão sendo erodidos pelo anterior trabalho de incitamento do ódio antipetista pelos meios de comunicação e pelo investimento pesado de dinheiro nas campanhas de deputados federais para impedirem o PT de governar, o que na época resultou no golpe do impeachment da Presidenta Dilma. Em 2016 somente o suíço Eduardo Cunha tinha sob seu comando e financiados por ele mais de 100 deputados federais.

Com o centro político destruído, o PSDB desmilinguindo e Geraldo Alckmin apunhalado pelas costas por Dória entra em cena a águia que estava presa em Curitiba. O Presidente Lula jogou uma bóia para Alckmin, salvando-lhe da morte política, deu-lhe uma oportunidade de se vingar do traidor impedindo o mesmo de chegar à Presidência ou até mesmo a uma reeleição para o governo de São Paulo pois o caminho ficou aberto para Haddad disputar com chances de vencer.

Quem não conhece minimamente o mecanismo da política prática fica perdido diante dos movimentos da realidade política, perplexo e aferrado aos próprios julgamentos morais sobre pessoas, muitos deles acertados pois sobre pessoas públicas com um currículo de crimes e afrontas à moralidade pública conhecidos.

Mas não se pode esquecer que quem acusa, processa e julga é o Ministério Público, o Poder Judiciário e os eleitores ao não reelegerem um político e que estes entes não podem ser substituídos por um partido político. Não cabe ao PT processar, julgar, absolver ou condenar e prender quem quer que seja e menos ainda retirar qualquer cidadão da disputa política por perda de seus direitos políticos.   

As malquerenças residem nesta ausência de discernimento.

Ademais, um político faz política com os eleitores que o país tem e com os membros da classe política existente, esta realidade ele não escolhe.

Contudo, resta a pergunta: existe o perigo de lá mais adiante Alckmin repetir a traição igual a Michel Temer? Claro que existe. Mas a audácia da articulação para assegurar a vitória e o futuro governo justificam pois quem não quer correr riscos não deveria nem ter nascido.

Penso também que a falta da leitura do livrinho de Max Weber A POLÍTICA COMO VOCAÇÃO e do livro do florentino ajudariam muito a dissipar as desinteligências.