80 ANOS DO ASSASSINATO DE TROTSKY
Em 1981 eu estava lendo a autobiografia de Trotsky, MINHA VIDA, e a Polícia Federal me roubou este e outros livros. Só para infernizar pois ler mesmo que é bom aquele rebanho de analfabetos jamais leu qualquer coisa.
Um amigo trotskista me deu
outros, todos de Trotsky, o volume 3 da HISTÓRIA DA
REVOLUÇÃO RUSSA (o
triunfo dos sovietes), o volume 2 da biografia de Stálin (rumo ao poder), A
REVOLUÇÃO TRAÍDA e A REVOLUÇÃO
PERMANENTE, ainda hoje
tenho todos.
Depois comprei A
MORAL DELES E A NOSSA, QUESTÕES DO MODO DE VIDA, o volume 2 da HISTÓRIA
DA REVOLUÇÃO RUSSA e LITERATURA
E REVOLUÇÃO.
Trotsky era um teórico prolífico,
grande orador e homem de ação. Foi designado por Lênin para construir o
Exército Vermelho e morou oito anos em um trem blindado pondo ordem nas coisas, reconstruindo ferrovias, abastecendo cidades com víveres; primeiro venceu a guerra civil que adveio com a revolução de outubro e durou quatro anos. Era a fase do "comunismo de guerra."
Foi nesta fase que Trotski cometeu um dos atos mais polêmicos de sua vida no poder, a subjugação do Soviete de Krondstar. Reduto Bolchevique da primeira hora da revolução, os marinheiros do estaleiro se rebelaram contra os destinos que a Revolução de Outubro tinha tomado e isto balançou a firmeza da revolução. Deve ter sido muito difícil para ele enfrentar e sufocar o levante.
Gosto muito desta fase da vida
dele, o construtor, mas minha afinidade começou pela discussão sobre a teoria
do partido, um tema que marcou minha geração. Não levantei nenhum aspecto sobre
o partido que Trotsky não tenha pensado antes. Sobre este tema Rosa Luxemburgo
e Trotsky são próximos e desassombrados pensadores.
A biografia de Trotsky escrita
por Isaac Deutscher é muito bem feita, documentada e minudente. O biografado
resplandece; Trotsky, o líder de massas da revolução (Lênin era líder do
partido), duas vezes presidente do Soviete de Petrogrado, que ele armou para a
insurreição vitoriosa.
Sua vida é a de um herói trágico. Conheceu as catacumbas, a clandestinidade, a cadeia e o exílio, a vitória,
o poder, a derrota e o esboroamento dos objetivos primeiros da revolução, de
novo o exílio, a perseguição e a morte encomendada por um ex-companheiro de
partido em 21 de agosto de 1940 no México.
Mesmo com todos os feitos e o
final trágico, mácula inapagável que pesará eternamente sobre Stálin, o seu
nome ainda não foi reabilitado na Rússia, pesa até o momento a maldição e as
infâmias lançadas pelos stalinistas.
Às vezes penso que se a vida de
Trotsky não estivesse documentada iriam pensar no futuro que se tratava de uma
lenda, uma fabulação, pois iriam considerar impossível que tenha existido de
carne e osso alguém assim.
Eterno Trotsky.