quinta-feira, 6 de junho de 2019


            "COCAÍNA NÃO É VITAMINA"



                                 Resultado de imagem para o vício escraviza

Tenho lido algumas matérias sobre a política de "guerra às drogas" e seus efeitos conhecidos, encarceramento em massa de jovens pobres, negros, corrupção de autoridades (juízes, delegados de polícia, agentes policiais, desembargadores), membros do Ministério Público, mortes prematuras e aumento de homicídios.  
Há quem defenda a total liberação do uso. Tive um professor de direito penal e desembargador que defendia a total liberação sob o argumento de quem quisesse se matar que se matasse.  
Alguns ganhadores do prêmio Nobel de economia já defenderam a total liberação, lembro agora do nome de um: Milton Friedman, o pai "espiritual" do Ministro Paulo Guedes.  
FHC também defende a liberação, mas a mídia amiga (amiga dele) o mantém na moita e fora do ataque da malta ignara, hipócrita e linchadora.  
O assunto é sério e merece toda atenção. Já li alguma coisa pois no começo de minha formação de sociólogo era perceptível que o consumo de drogas ilícitas só aumentaria, dada a constatação do fracasso da estratégia repressiva, daí seria relevante estudar possíveis causas e o emaranhado de consequências que o consumo e a política repressiva desencadeariam.
Vou abreviar. O rolo é que enquanto houver consumidor haverá quem venda. O "açúcar" do negócio é que todas elas provocam efeitos no sistema nervoso central, sensações de prazer, seja maconha, cocaína ou bebida alcoólica. 
Nunca fumei maconha, não gosto de papos de maconheiros e nem do cheiro de maconha e não sei como alguém usa uma droga tão malcheirosa. Contudo, o que se sabe por estudos sérios é que nas mesmas quantidades maconha é menos nociva que a bebida alcoólica [1]. 
Pode parecer muito libertário defender a liberação mas não é. O viciado é um escravo do vício, um trapo humano, quem já teve um alcoólatra na família sabe o drama. 
Pelo que li existem drogas leves, como cafeína e maconha. Mas o fumo, a bebida alcoólica, a cocaína e a heroína são drogas pesadas e causam um grande estrago na saúde e uma vez viciado o indivíduo é um doente a padecer de uma doença crônica até o fim da vida, sujeito a recaídas e em luta constante contra o vício. 
Basta, todo mundo sabe disto. O que de fato interessa é a maneira, para mim equivocada, em opor liberação versus repressão. 
Lembro-me de uma frase lapidar de um professor da UFBA (Ricardo Líper), "cocaína não é vitamina", que para mim resume a questão, certas drogas são perigosas. Daí nada do que sei me faz inferir que a sociedade sancionará a liberação.
É muito provável que a sociedade não permitirá que crianças, adolescentes e jovens sejam expostos ao consumo para que alguns acumulem mais dinheiro destruindo vidas. 
Como percebo o problema, a escolha será entre a repressão feita pelo Estado ou a encetada pela própria sociedade em repressão difusa e privada.
E se sabe sem dúvidas que a repressão difusa é muito mais violenta e descontrolada, basta não esquecer como são os linchamentos.

Nota

[1] Maconha é 144 vezes mais segura que o álcool, diz estudo