sábado, 28 de setembro de 2019


                           BACURAU


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Assisti ao filme BACURAU. Esperava coisa melhor. A estória ocorre em um distrito de um Município do Nordeste e sua população às voltas com um mau político e com estrangeiros que falam inglês e têm como esporte abater moradores a tiros. 

No distrito de BACURAU os moradores tomam uma droga que os deixa vitaminados e prontos para tudo; tem um puteiro móvel, um trailer, em que a prostituição é praticada sem rebuços. 

Os estrangeiros podem ser vistos como nazistas ou como imperialistas norte-americanos, origem que não disfarçam. 

A população se arma e mata os caçadores de gente, se entendi direito, um homossexual é quem faz às vezes de justiceiro e degola os forasteiros tal como fizeram com as cabeças de Lampeão, Maria Bonita e seu bando em Angicos. 

Aplicam uma lição no Prefeito e o mandam de volta para a cidade encapuçado, de cueca e montado em um jumento de maneira invertida. 

A impressão que tive é que o filme busca comunicar por parábolas, ser profundo e manejar símbolos. Em minha percepção procura mostrar por imagens as ideias da "pauta identitária". 

Eu e a pauta identitária não nos bicamos. Tenho como indiscutível que certas drogas são perigosíssimas e devem continuar proibidas, inclusive defendo proibir outras legalizadas, como o fumo e bebidas alcoólicas fortes. 

Acho vulgar e reacionária a pregação contra os políticos pois não existe liberdade sem democracia e esta não existe sem partidos e sem políticos. Quem quiser que aprenda a votar ou vote errado, é um direito assegurado nos regimes democráticos dizer e fazer bobagens, contanto que seja dentro da legalidade. 

A violência e o apelo sexual lembram estes filmes da moda de Quentin Tarantino e outros do mesmo ramo. Sobre a questão sexual eu me nego a comentar pois a vida sexual alheia não me interessa; acho uma tremenda falta de educação alguém se meter embaixo dos lençóis alheios sem ser convidado. 

Saí do cinema acabrunhado. Perdi meu tempo e meu dinheiro, poderia ter comprado um livro, seria melhor. Já fui pára-raio de maluco e meu estoque de paciência com estas coisas acabou faz tempo. 

Esperava alguma coisa sobre o momento em que vivemos, alguma luz, racionalidade, mas o que vi foi obscurantismo, anti-intelectualismo e negação da política. 

Para mim BACURAU é um filme oportunista para consumo de pessoas equivocadas. 

O eleitor é conservador, aceita tudo em artistas, principalmente em cantores de rock, mas nos políticos não aceita nem palhaçadas. 

Transformar temas adstritos à vida privada em pauta da disputa política-eleitoral é um tiro no pé. Foi assim que a pauta identitária faz tempo substituiu os temas do programa político extraído da luta de classes tais como política salarial, geração de empregos, direitos sociais, distribuição de renda, combate às desigualdades econômico-sociais. 

Neste campo Bolsonaro não brota, é um peixe fora da água, aliás, como todos os candidatos da direita que têm agenda ditada pelo neoliberalismo.  

Quem não entende disto foi instrumento consciente ou não dos meios de comunicação e colocou a bola na marca do pênalti para Bolsonaro chutar. A direita sempre toma fôlego quando diz que defende a família e os bons costumes. 

O infeliz não sairia de seu quadrado sem que a pauta "identitária" fosse trazida para o centro da disputa política. Quem semeou para a direita brasileira colher está na moita ou se fazendo de peixe morto. 

Agora vai ser difícil empurrar o gênio de volta na garrafa.

terça-feira, 24 de setembro de 2019


                 A BOLHA FOI ROMPIDA 


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Sinceramente eu não acredito que o Desembargador Siro Darlan tenha vendido em qualquer época decisões judiciais.

Até prova em contrário a busca e apreensão em sua casa, escritório e onde mais quiseram tem o sinete da retaliação [1]. Isto tem cheiro e invólucro de armação contra este homem tão destemido e tão justo, o que na linguagem jurídica quer dizer: garantista.

Já li várias entrevistas dele, decisões jurídicas e artigos. Gostei sempre do enfoque legalista e isto implica em caráter pois nenhum cidadão se faz cumpridor da lei sem estrutura moral.

Para ser um bom juiz mais importante que conhecer o direito, o que está ao alcance de qualquer cidadão, é preciso antes ser honesto. E o Desembargador Siro Darlan é um bom juiz.

O problema é que estamos vivendo em um tempo de intensa luta política e de ataque aos direitos encartados na Constituição. A horda de celerados, os recrutas e seus chefes, que investe contra a Constituição  marcha sobre quem levantar obstáculos à ditadura em que querem afogar o país.

Com a perseguição aberta ao Desembargador Siro Darlan romperam definitivamente a bolha e estão a desafiar aqueles que não se deixam subjugar por ditaduras. Como iremos deter estes bandos? Ainda não faço ideia mas não nos restará opção além do enfrentamento.

Nota

[1]  Por suspeita de venda de decisões, desembargador Siro Darlan é alvo de buscas
 https://www.conjur.com.br/2019-set-24/suspeita-venda-decisoes-siro-darlan-alvo-buscas?utm_source=dlvr.it&utm_medium=facebook