BACURAU
Assisti ao filme BACURAU. Esperava coisa melhor. A estória
ocorre em um distrito de um Município do Nordeste e sua população às voltas com
um mau político e com estrangeiros que falam inglês e têm como esporte abater
moradores a tiros.
No distrito de BACURAU os
moradores tomam uma droga que os deixa vitaminados e prontos para tudo; tem um
puteiro móvel, um trailer, em que a prostituição é praticada sem rebuços.
Os estrangeiros podem ser vistos
como nazistas ou como imperialistas norte-americanos, origem que não disfarçam.
A população se arma e mata os
caçadores de gente, se entendi direito, um homossexual é quem faz às vezes de
justiceiro e degola os forasteiros tal como fizeram com as cabeças de Lampeão,
Maria Bonita e seu bando em Angicos.
Aplicam uma lição no Prefeito e o
mandam de volta para a cidade encapuçado, de cueca e montado em um jumento de
maneira invertida.
A impressão que tive é que o
filme busca comunicar por parábolas, ser profundo e manejar símbolos. Em minha
percepção procura mostrar por imagens as ideias da "pauta
identitária".
Eu e a pauta identitária não nos
bicamos. Tenho como indiscutível que certas drogas são perigosíssimas e devem
continuar proibidas, inclusive defendo proibir outras legalizadas, como o fumo
e bebidas alcoólicas fortes.
Acho vulgar e reacionária a
pregação contra os políticos pois não existe liberdade sem democracia e esta
não existe sem partidos e sem políticos. Quem quiser que aprenda a votar ou
vote errado, é um direito assegurado nos regimes democráticos dizer e fazer
bobagens, contanto que seja dentro da legalidade.
A violência e o apelo sexual
lembram estes filmes da moda de Quentin Tarantino e outros do mesmo ramo.
Sobre a questão sexual eu me nego a comentar pois a vida sexual alheia não me
interessa; acho uma tremenda falta de educação alguém se meter embaixo dos
lençóis alheios sem ser convidado.
Saí do cinema acabrunhado. Perdi
meu tempo e meu dinheiro, poderia ter comprado um livro, seria melhor. Já fui
pára-raio de maluco e meu estoque de paciência com estas coisas acabou faz
tempo.
Esperava alguma coisa sobre o
momento em que vivemos, alguma luz, racionalidade, mas o que vi foi
obscurantismo, anti-intelectualismo e negação da política.
Para mim BACURAU é um filme
oportunista para consumo de pessoas equivocadas.
O eleitor é conservador, aceita
tudo em artistas, principalmente em cantores de rock, mas nos políticos não
aceita nem palhaçadas.
Transformar temas adstritos à vida
privada em pauta da disputa política-eleitoral é um tiro no pé. Foi assim que a
pauta identitária faz tempo substituiu os temas do programa político extraído
da luta de classes tais como política salarial, geração de empregos, direitos sociais, distribuição de renda, combate às
desigualdades econômico-sociais.
Neste campo Bolsonaro não brota,
é um peixe fora da água, aliás, como todos os candidatos da direita que têm agenda ditada pelo neoliberalismo.
Quem não entende disto foi instrumento consciente ou não dos meios de comunicação e colocou a bola na marca do pênalti para Bolsonaro chutar. A direita sempre toma fôlego quando diz que defende a família e os bons costumes.
O infeliz não sairia de seu quadrado sem que a pauta "identitária" fosse trazida para o centro da disputa política. Quem semeou para a direita brasileira colher está na moita ou se fazendo de peixe morto.
Agora vai ser difícil empurrar o gênio de volta na garrafa.