segunda-feira, 28 de dezembro de 2020

 

           UM POUCO DE PSICOLOGIA DAS MASSAS

 



O Governo de Bolsonaro tem um índice de aceitação pela população aparentemente inexplicável pois direitos e instituições do Estado-nacional estão sendo reduzidos a pó. O conservadorismo das massas é desesperador.

Sempre tive muito cuidado com este conservadorismo, o eleitor é conservador, aceita condutas perfomáticas e extravagantes em cantores de rock e artistas plásticos mas aos políticos nada disto é permitido.

O eleitor é capaz de votar em alguém mal-humorado mas não vota em um gaiato. Política é tragédia. Quem nela quiser fazer palhaçadas errará de palco.

O capitalismo também se reproduz moldando o tipo de homem que lhe convém. Em outras palavras, sem aviltar e degradar a massa trabalhadora para subjugá-la não existe dominação capitalista.

A ameaça da fome, o analfabetismo e o semi-analfabetismo são os meios mais usuais para esta degradação. É assim que se forma uma corrente sem fim de puxa-sacos.

Saber lidar com este conservadorismo e subserviência exige conhecimento da psicologia das massas e das guinadas que estas dão quando diante de acontecimentos que causam comoção nacional.

Nestes momentos grandes mudanças podem acontecer. As estruturas que sustentam uma elite ou uma classe no poder podem ruir. Mas para tanto é preciso um partido organizado para transformar este vapor em força para a tomada do poder.

Esta organização política tem que necessariamente ter pessoas qualificadas para esta tarefa. Para se ter uma ideia disto: do grupo que dirigia o Partido Bolchevique que tomou o poder em 1917 quem falava menos línguas dominava seis idiomas, dominava a palavra escrita, todos eram publicistas com livros escritos, e tinham determinação para a disputa do poder.

Uma elite deste quilate e em defesa dos ideais socialistas jamais voltou a se repetir seja qual for o lugar do mundo que se procure.

Só pessoas intelectualmente qualificadas são capazes de romperem politicamente o conservadorismo das massas aviltadas pelo analfabetismo e humilhação seculares. Estas  sempre foram  barreiras difíceis de serem transpostas pela esquerda.

Daí as massas aprendem pela experiência e os grandes acontecimentos que causam comoção são a gota d'água que podem fazer romper a bolha do conservadorismo e do medo.

Os grandes acontecimentos são os catalisadores de uma gama infinita de pequenos acontecimentos acumulados. Precisamos contribuir para os efeitos deles interpretando-os bem como aproveitar as oportunidades que surgem quando estes ocorrem; antes que as massas voltem ao seu sono conservador e o cotidiano com seu peso esmagador volte a predominar.

 

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