A PESTE, A CIÊNCIA E OS FATOS
Enclausurado não controlo minha vontade de buscar as causas desta loucura mansa, mas nem tanto, o negacionismo - que conheci quando tive
contato com pessoas que diziam que fatos não existiam e a verdade era
inalcançável.
Nasci em uma cidade do interior
do Estado da Bahia e fui "salvo" do analfabetismo graças ao meu
interesse pela ciência e pelo método científico. Meus professores nada me
diziam sobre ciência e método científico porque também não sabiam; lá não tinha universidade nem livraria e a
biblioteca pública era meia-sola, o que era
muito melhor que nada.
Sozinho, cercado de analfabetos por todos os lados (embora
pessoas boas como meus familiares) buscava com sofreguidão saber o que era a
ciência e o método científico. Li biografias de cientistas, Galileu, Darwin,
Newton, Marx, Pierre e Marie Curie, entre outros; os livros não eram bons como
os que dispomos hoje mas era os que eu tinha.
Quando entrei no curso de direito
já sabia que toda ciência tem um método e um objeto de estudo e
sabia o que era um fato e o que era uma hipótese e que esta só se sustenta mediante
provas. Não era pouco para quem tinha aprendido pelo próprio esforço.
O direito não é uma ciência, seu
método não é o da ciência, aquele firmado e depurado pela epistemologia. O
direito é uma técnica de controle social. Seu método, a hermenêutica jurídica,
é um conjunto de técnicas e princípios de interpretação de leis.
Na Faculdade de Direito e na FFCH
da UFBA encontrei negacionistas empedernidos, aqueles que negam a existência de
fatos e por consequência a impossibilidade da ciência e de um conhecimento
minimamente objetivo, pautado em fatos, provas e método sistematizado.
Os Códigos de Processo Civil e
Penal do Brasil e creio que do resto do mundo incorporaram os avanços da
epistemologia no que diz respeito a fatos, hipóteses e provas. Em toda ação,
seja cível ou penal, tem o autor o encargo de narrar um ou mais fatos e deduzir
as consequências jurídicas que amparam seu pedido sob pena de ser inepta a
petição inicial, que na área penal chama-se de denúncia (quando se trata de
ação penal pública cujo titular é o Ministério Público).
Pois bem. Com tudo isso exposto
nos códigos de processo ainda aparecem negacionistas para dizerem em artigos
extensos e amplamente divulgados que a verdade não existe ou é inalcançável em
verdadeiro exercício de subjetivismo e ignorância diplomada.
O negacionismo da ciência vem de muitos anos. O subjetivismo desta gente é tão perturbado que ganhei alguns inimigos por defender que existiam fatos e que fato provado é a verdade, não provado é ficção. Me elogiavam sem querer me chamando de positivista.
Com a peste se alastrando o valor da ciência tem sido realçado e vários anos de negacionismo e subjetivismo extremo têm se mostrado um equívoco. O negacionismo é um desatino que beira a demência, é a expressão do mais desvairado subjetivismo, a ignorância sem a vergonha de ser ostentada.
O negacionismo da ciência vem de muitos anos. O subjetivismo desta gente é tão perturbado que ganhei alguns inimigos por defender que existiam fatos e que fato provado é a verdade, não provado é ficção. Me elogiavam sem querer me chamando de positivista.
Com a peste se alastrando o valor da ciência tem sido realçado e vários anos de negacionismo e subjetivismo extremo têm se mostrado um equívoco. O negacionismo é um desatino que beira a demência, é a expressão do mais desvairado subjetivismo, a ignorância sem a vergonha de ser ostentada.
Até uma "nova" epistemologia tem sido propalada. Dizem sem nenhuma vergonha que a ciência desenvolvida por Newton, Galileu, Einstein, Niels Bohr, Darwin e outros é branca, eurocêntrica e machista.
Mas os fatos têm o poder de se impor e romper as mais renitentes fantasias. A peste está mostrando que sem a ciência não sobreviveremos e que os vários anos de negacionismo e subjetivismo extremado são coisas ridículas e nocivas.
Com a peste que se espalha, a
ciência, que foi tão sabotada e ignorada, vai sair da berlinda por uma questão
de sobrevivência e imposição dos fatos.
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