terça-feira, 26 de abril de 2016

         O GOLPE NÃO É OBRA DO ACASO


                         
            

O momento político é crítico pois o condomínio formado pelo PSDB, DEM e demais criminosos enquistados em siglas de menor expressão se esmeram para na trapaça capturarem o governo federal, surrupiarem aquilo que a soberania popular expressa por 54 milhões votos lhes negou.

Com a maior caradura querem na “mão grande” - inventando um falso impeachment pois ausente o crime de responsabilidade imputado à  Presidenta Dilma - usurpar o poder.

Esta é a nova modalidade de golpe de Estado aplicado com êxito em Honduras e no Paraguai. Espero que sirva de lição aos destituídos de instrução política mínima que faziam críticas acerbas à aliança que o PT tinha feito no Congresso Nacional para governar. Criticavam o que chamavam “governabilidade”, assim mesmo, entre aspas.

Pândegos, vejam se aprendem com os fatos, este golpe mostra de maneira empírica que se governa o Brasil no Congresso Nacional pois é por meio das leis e das emendas à Constituição que se dar direção as ações dos governantes. No Brasil sem maioria no Congresso o Presidente da República não governa e ainda corre o risco de não concluir o mandato.

A esquerda primária não sabe que para o governo federal fazer uma estrada de ferro, uma ponte ou um programa social é preciso lei que autorize a destinação da grana prevista no ORÇAMENTO da UNIÃO.

Sem maioria no Congresso nenhum Presidente da República governa o Brasil e a história demonstra o quão traumático tem sido um Congresso hostil. Getúlio foi levado ao suicídio em agosto de 1954 porque os golpistas de então tinham maioria no Congresso, como sempre a imprensa golpista estava toda empenhada em distorcer a opinião pública contra um governo legítimo e em cooptar os militares - que deram o ultimato ao líder gaúcho para que se licenciasse, obviamente sem volta ao cargo.

Jânio Quadros também renunciou em 1961 porque não tinha partido nem maioria no Congresso Nacional para governar e aí urdiu a renúncia acreditando que voltaria pela força das armas dos militares e governaria como ditador. Como se sabe o plano deu errado, ele esqueceu de combinar com os inimigos.

João Goulart enfrentou um Congresso hostil, era um político hábil, sabia negociar mas enfrentou um Congresso eleito para impedir que governasse e fizesse as REFORMAS DE BASE - que somente viriam por leis e por emendas à Constituição.

Fernando Collor também chegou ao poder em condições políticas iguais às de Jânio Quadros, sem partido e sem maioria no Congresso Nacional. Renunciou em face do impeachment dado como certo pois foi flagrado dinheiro de depositantes "fantasmas" criado por Paulo Cesar Farias na compra de um Fiat Elba e nas reformas da "Casa da Dinda."

O golpe de Estado que ora é desfechado contra o mandato da Presidenta Dilma foi urdido antes de sua posse em 1º de janeiro de 2015 pois logo após a reeleição os golpistas já cogitavam o falso impeachment constatado que tinham maioria no Congresso. A aliança que permitiu o PT governar até então tinha sido solapada.

A crise econômica ajudou a trincar a aliança mas houve trabalho político e muito dinheiro investido para que a atual legislatura no Congresso Nacional tenha a composição que tem. O golpe de Estado que ora se perpetra contra o mandato da Presidenta Dilma não é obra do acaso.

Amigos meus defendem a união de todos os partidos de esquerda em torno de um PROGRAMA DE GOVERNO para mobilizar a população para enfrentar os golpistas e o possível governo ilegal e ilegítimo de Temer e Eduardo Cunha. Vejo isto como o resultado do típico descolamento que a esquerda tem da realidade, algo assim como alguém querer fazer uma omelete antes da galinha pôr os ovos.

Ademais, nunca devemos esquecer que para mobilizarmos a população devemos prepará-la antes.

O momento é de defesa da legalidade constitucional em que se fia a democracia e de direitos tão importantes como os direitos sociais e os direitos fundamentais inscritos nos artigos 7º e 5º da Constituição Federal mas é também de mobilização e de politização.

Do meu ponto de vista devemos fazer uma união dos partidos de esquerda em torno de uma tática comum aproveitando o momento de discussão da legalidade constitucional para explicarmos em palestras de formação à população que o que está em disputa é o ORÇAMENTO da UNIÃO, os programas sociais e todas as conquistas dos últimos 12 anos.

Devemos nos fazer entender pela população e explicarmos que é no Congresso Nacional e especificamente na Câmara dos Deputados que se governa o Brasil. É lá que se fazem leis direcionando os gastos do ORÇAMENTO, é lá que se faz ou se extingue por lei programas sociais e gastos direcionados à parte da população da base da pirâmide social.

É desta maneira, por esta tática, que devemos fazer a população entender que o voto para deputado federal deve ser valorizado pelo eleitor. Assim estaremos nos preparando também com antecedência para a disputa de 2018 quando ocorrerá eleição para deputado federal, senador e Presidente da República.

Em tempos idos a UNE já tomou iniciativa igual mas que foi abortada pelo golpe de Estado em 1964. A UNE criou os CPC’s - Centro Popular de Cultura - e a UNE volante, meios pelos quais se procurava ir até a população formá-la em face da disputa política e até mesmo alfabetizar tendo em vista as eleições que se realizariam em 1965.

Precisamos dar operacionalidade às ideias, criar táticas, pois sem capacidade de disputa falar em programa de governo é apenas um exercício abstrato e de nenhum retorno prático na disputa do governo e do ORÇAMENTO federal. 


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