quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

As forças morais estão entre os assuntos mais importantes da guerra. Elas impregnam tudo.”
                                                                     Clausewitz    




Um instante na história: da esquerda para a direita: Eduardo Gomes, Siqueira Campos, Newton Prado e Otávio Correa, o civil que aderiu aos combatentes rebeldes em 5 de julho de 1922 na "Revolta dos 18 do Forte de Copacabana". 




Mal tinha postado este texto no facebook e soube que a baderna da PM tinha findado. Como foi feito para ser publicado aqui também, assim será.

Chega ao décimo dia e continua a farsa, a ocupação atentatória à soberania popular da sede da Assembléia Legislativa do Estado da Bahia perpetrada por membros da PM amotinados. Reivindicam aumento do soldo entre outras coisas como a anistia dos crimes cometidos nesta baderna.

Para que se entenda o porque da reivindicação da anistia é preciso que se saiba que militares não fazem greve, quando fazem baderna como esta cometem os crimes de motim, revolta, organização de grupo para a prática de violência, omissão de lealdade militar e conspiração, todos tipificados no Código Penal militar, (Decreto-Lei nº 1.001/1969), artigos 149 a 151. A proibição de greve advém de dispositivo inserido no art. art. 142, § 3º, IV da Constituição Federal pelo legislador constituinte de 1988.

Constatado o fato de que violaram dispositivo constitucional e de lei infraconstitucional e considerando para efeitos argumentativos de que é justa e possível de ser atendida a reivindicação de um soldo mais elevado, resta-nos analisar se a tática de confronto e motim conduzirá aos objetivos almejados pela meganha.

Consideremos primeiro que os amotinados estão sitiados pelo Exército e por tropas da Força Nacional na sede da Assembléia Legislativa no Centro Administrativo da Bahia. Depois, vejamos que uma tropa sitiada só tem duas saídas para escolher uma: romper o cerco saindo do teatro do sítio ou esmagar o sitiante. É evidente pelas circunstâncias que qualquer das duas hipóteses está fora de cogitação pois totalmente irreais em face dos contingentes armados.

Assim, aos amotinados e sitiados só resta a rendição ou o combate até o último homem. Anote-se que não sairão do sítio sem entregarem as armas e serem presos pois esta é a única forma de se restaurar a cadeia de comando e a hierarquia rompidas pelo motim. Ou se rendem para serem processados e punidos e excluídos da PM ou os comandantes não terão mais nenhum comando sobre a tropa. 

Esta é situação em que os amotinados se encalacraram. Cometeram um erro primário, tentaram fazer política com lógica militar, conduziram a reivindicação de melhores soldos com tática militar, de armas em punho. Entre os líderes não tem nenhum com cultura militar de oficial de estado maior senão teriam feito política para atingirem suas reivindicações e não esta baderna. 

Não fizeram boa política nem combaterão a quem desafiaram. Diante destas premissas a conclusão é óbvia: estão blefando, tudo não passa de uma palhaçada. Quando quiser, a qualquer momento o Exército entra no prédio da Assembléia, desarma e prende os baderneiros - circula informação que são uns 300 meganhas amotinados -, sem disparar um único tiro, no grito.

A PM é um contingente infiltrado de corruptos e criminosos covardes, "valentes" só para matar civis indefesos, inclusive menores. São menos que nada como combatentes e o Exército sabe disso. A meganha não têm o sentimento da honra dos grandes guerreiros senão não ergueriam este circo pois em face do desafio que lançaram irrigariam com sangue os tapetes e a grama dos jardins da Assembléia - sangue de si próprios e de quantos estivessem ao alcance de suas armas. 

Luta teria se os amotinados tivessem a fibra e o estofo moral dos "18 do Forte de Copacabana". Para quem não lembra, a primeira revolta tenentista ocorreu em 5 de julho de 1922 no Forte de Copacabana no Rio de Janeiro, então capital da República. Naquela data, os militares brasileiros, principalmente os dos extratos mais baixos na hierarquia - tenentes, sargentos, cabos e soldados -, revoltaram-se na Capital descontentes com os rumos políticos do país imprimidos por latifundiários na então República Velha.

No final da rebelião sobraram 28, que dividiram a bandeira da República em 28 pedaços, colocaram nos bolsos e prosseguiram na busca do inimigo rumando pela Avenida Atlântica em direção ao Leme e combateram até tombar o último homem. Sobreviveram com graves ferimentos Siqueira Campos e Eduardo Gomes. Outros homens, outra ética e não esta palhaçada enfadonha proporcionada pela meganha.

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