sexta-feira, 13 de abril de 2012

            CAMPANHAS DE ÓDIO
 
 Já recebi em meu e-mail mensagens provenientes   de correntes com mensagens absolutamente inverídicas e algumas até veiculando fatos mas com interpretações completamente distorcidas e típicas de campanhas de incitação ao ódio. A última que recebi é veiculada utilizando uma suposta notícia com indignação de um professor do Rio Grande do Sul.      
O alvo da incitação ao ódio é a democracia, de maneira oblíqua, pois de  maneira direta são os políticos e todo o conjunto do ativismo político. Como recurso de comunicação usam o preconceito acoplado à imagem pública de artistas, celebridades e jogadores de futebol, normalmente.
Preconceito, ressentimento e ódio
 Valem-se do preconceito e de teorias conspiratórias para desestabilizarem a sempre hesitante classe média. Para estes propagandistas o grande mal é o Congresso Nacional, os partidos e os políticos, e obviamente a democracia e a liberdade, pois não existe democracia sem políticos, sem partidos, sem movimentos sociais e sem os demais canais de participação política do cidadão.

Para estes negadores da política e da própria liberdade não é a concentração de renda e o analfabetismo (herança ainda da escravidão) nem instituições herdadas do Estado escravocrata e monarquista - tão incapazes de responder às questões que lhe são postas - como o Poder Judiciário que merecem ser discutidas para serem modificadas ou erradicadas da sociedade brasileira - para estes irracionalistas e tapeadores basta suprimir a política.
 Os autores destas campanhas almejam amortecer o ativismo político com a desinformação propositada - contra-informação -, tentado incutir desilusão, desestabilização, confusão e ódio, apelando para o ressentimento entre a classe média, onde se encontra parcela significativa do contingente dos apoiadores da guinada à esquerda no espectro político   desde a eleição do ex-presidente Lula em 2001.
  
Este tipo de irracionalismo ressentido é negador dos principais valores em que se fundam a democracia e os Direitos Fundamentais do Cidadão, os chamados Direitos Humanos: a liberdade e o respeito que cada cidadão deve ter pelos direitos dos outros.  
  
Campanhas de ódio resultam em agressões e assassinatos
O alvo destas incitações ao ódio podem ser pessoas abstratas como um partido político ou determinada categoria de cidadãos. Quando dirigidas contra pessoas específicas é quase certa a ocorrência de agressões físicas.
 O anonimato sempre serviu para abrigar e encorajar caluniadores. Por isso internet é um campo fértil para a disseminação deste tipo de linchamento moral e o melhor nicho de recrutamento dos ressentidos.

Assim, devemos tomar cuidado com campanhas de ódio - seja por correntes de e-mail seja pelos meios de comunicação -, usando a imagem de pessoas famosas pois se trata de um recurso  hábil para incitar a mágoa gratuita, a inveja, o rancor, a intolerância e o desrespeito pelas regras de uma sociedade que aspira a ser substancialmente democrática.
Vamos refletir: não é o salário de Ronaldinho Gaúcho pagado por quem gosta devê-lo jogar futebol um problema para nós; não é o rebolado de Carla Perez ou as bobagens de Faustão que nos diminui; também não é a democracia e seus custos que nos avilta, mas a ditadura, a supressão da democracia; os salários dos representantes do povo e os custos das campanhas terão que ser objeto da Reforma Política que se faz urgente; também não nos desonra a eleição democrática do palhaço Tiririca por quem se dispôs a votar nele.
Todas estas coisas são legítimas e não podem ser recebidas como insulto, pois não são. No que diz respeito à vida intima de cada cidadão, a melhor política é que cada um deve cuidar da sua. Quando um cidadão começa a invadir a esfera privada de outros a paz social está ameaçada. Os pregadores do ódio sabem isso, buscam isso. 
O objetivo final destes pregadores do ódio é neutralizar a capacidade de pensar para assim induzir condutas políticas irracionais que resultam sempre em ditadura.  Anote-se que no Brasil todas as vezes que a participação popular aumentou, ao chegar a determinado ponto ocorreu golpe de Estado e ditadura, assim foi em 1954, que culminou com o suicídio de Vargas em face do golpe de Estado que se avizinhava; a tentativa de impedir por golpe a posse de JK e a igual tentativa de impedir Jango de tomar posse como presidente em 1961. 

Em 1964 depois de aprenderem que sem galvanizar a opinião pública desnorteando-a com mentiras, fracionamentos e condutas políticas irracionais jamais venceriam, os golpistas lograram êxito em vitimar o regime democrático e mergulhar a sociedade brasileira nas trevas de uma ditadura que suprimiu a liberdade e os Direitos Fundamentais do Cidadão.

O grande inimigo destas campanhas mal disfarçadas de ódio é a democracia, que para ser golpeada e substituída por uma ditadura os golpistas - a direita midiática, longa manus dos quartéis -, precisam antes fazer com que os cidadãos tomem-se de ódio irracional uns pelos outros, uma forma eficaz de subjugar contando com a aquiescência das próprias vítimas.

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