quinta-feira, 16 de março de 2023

    É MUITO DIFÍCIL A DEFESA DE QUEM NÃO SE DEFENDE


     


Tenho como certo que uma das formas de controle social mais eficaz é fazer o indivíduo temer a opinião alheia. Os soldados da classe dominante sempre usaram esta arma contra quem se opôs a mais brutal exploração da força de trabalho no Brasil.

Nunca tive medo da opinião alheia porque sei que os estúpidos são facilmente manipuláveis e que se tem um preço pagar por ser livre e exercer a liberdade, principalmente quando se é de esquerda. Nada é gratuito nesta vida.

Outra coisa, cada um tem o direito de ter sua opinião e arcar com as consequências de dizê-la. Portanto, quem inventar estória é que tem que andar em pânico com medo de processos. No mais, quem não se pauta na verdade nada tem a dizer que me interesse e então deve guardar sua opinião, metê-la na gaveta ou onde quiser.

Digo isso porque o advogado Cristiano Zanin será indicado pelo Presidente Lula para o STF e uma das teses defensivas de sua ida para a Corte Constitucional é que nunca criticou o Judiciário nem apontou nenhuma de suas mazelas.

Julgo esta tese péssima pois incentiva mais ainda a submissão dos advogados diante de um Judiciário que precisa ser reformado e que permitiu que o Presidente Lula ficasse 581 dias preso e respondesse a 25 processos farsescos, nenhum deles era mais que um embuste, como restou provado.

Não tenho dúvidas que um dos melhores momentos da defesa de Dr Zanin foi quando advogados do entorno do Presidente Lula insistiram para que houvesse desistência do habeas corpus em que se alegava a suspeição do chefe da "operação lava a jato" e ele, segundo matéria da revista PIAUI, disse que se ocorresse tal desistência que então procurassem outro para patrocinar a defesa do Presidente.

Como é conhecido, o Presidente Lula decidiu não desistir do habeas corpus e o simulacro de juiz foi julgado suspeito. Todo advogado já enfrentou ou arrostará problema análogo pois são raros os constituintes que não se acham conhecedores do direito e grandes táticos das batalhas jurídicas.

Vejamos um caso que considero um equívoco de defesa. O Ministro José Dirceu optou por não combater fora dos autos dos processos as condenações que injustamente lhe impuseram na AP 470 e na operação de Sérgio Moro. Suportou tudo estoicamente.

Considero a tática do Ministro Dirceu um erro; ele teve uma enorme consideração por um Judiciário que o perseguiu e o expôs à execração pública com a finalidade de retirá-lo da disputa política.

Deu no que deu, quase ninguém o defende. A verdade é que ninguém defende quem não se defende e não fornece informações para que outros também lhe defendam.

Tenho como certo que quem for perseguido por um inimigo disposto a destruí-lo deve cavar uma trincheira e atirar com as duas mãos até o último cartucho. O inimigo precisa saber que os danos e os riscos serão recíprocos, é uma lei da guerra.

Nisto tudo não podemos deixar passar despercebida uma sutileza na conduta de advogados famosos e ricos que defendem a submissão e não a crítica a  um Poder Judiciário que a cada dia se desmoraliza mais e mais: os caras tem interesse em ir para o STF, tem amigos nos Tribunais e coisa e tal.

Com esta conduta abjeta muitas vezes rifam os interesses e direitos de seus clientes pois seus próprios interesses estão em primeiro lugar.

Ser ninguém na fila do pão pode ter uma vantagem: fazer uma advocacia desassombrada em acordo com o Código de Ética da advocacia.      

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