domingo, 24 de setembro de 2017

      A DITADURA QUE SE AVIZINHA


                          Resultado de imagem para mortos e desaparecidos na ditadura militar



Esta semana as palavras do General Mourão e do General Vilas Boas [1] provocaram nuvens negras no céu da política pois pela primeira vez depois da ditadura instalada em 1964 o Exército fala abertamente em tomar o poder e fazer outra ditadura.

As Forças Armadas constituem a coluna vertebral do Estado brasileiro, elas garantem a soberania, i. é, a aplicação das leis em todo o território nacional. Colocá-las no poder obviamente em uma ditadura contra o povo é um tremendo tiro no pé pois será rachar esta coluna e os militares um dia se dividirem e se matarem. A luta pelo poder junta mas também divide.

Os EUA em 1964 tramou dividir o país territorialmente em dois ou três caso houvesse resistência ao golpe em Pernambuco com Arraes e no Rio Grande com Brizola. Selaria esta divisão reconhecendo apenas o governo golpista instalado em Minas Gerais governado na época por Magalhães Pinto, golpista de primeira hora.

Jango Goulart sabia deste intento, foi visto como covarde aos olhos de muitos, mas não permitiu que os EUA fizessem com o Brasil o que já tinham feito com a Coreia, com o Vietnam e tinham tentado com algum sucesso com a China ao criar o embaraço para o governo chinês chamado Taiwan.

Com as vitórias sucessivas do PT depois de 2002 e sabendo que não voltaria ao poder por eleições o condomínio direitista capitaneado pelo PSDB e o DEM passou a ter como objetivo fazer outra ditadura, usar os militares para deter a atual tendência reformista da sociedade brasileira.

Mas os militares depois do golpe de 1964, principalmente os do Exército, estavam escarmentados, chamados de assassinos, torturadores, estupradores, covardes, traidores do povo brasileiro, daí o insucesso de atraí-los para outra ditadura até o momento.

Contudo, depois das falas dos dois generais percebe-se claramente que alguma coisa mudou nos quartéis. O problema maior é que as Forças Amadas brasileiras estão sob controle dos EUA, que as utiliza como tropa de ocupação contra os nacionais.

O golpe contra o mandato da Presidenta Dilma é uma conta que não fecha sem que os golpistas provoquem uma baixa nos recursos humanos da esquerda e da própria classe política brasileira pois só assim retardarão por mais tempo a tendência reformista inaugurada com a Revolução de 1930.

Vejamos os exemplos: na Argentina entre os anos de 1976 e 1983 os generais comandaram uma ditadura que matou e fez desaparecer 30 mil civis, constando nesta lista macabra mulheres grávidas, crianças, adolescentes e idosos.

No Chile a ditadura que se instalou em setembro de 1973 no golpe de Estado conduzido localmente por Pinochet matou e desapareceu no total 3.225 pessoas.

A ditadura no Brasil (1964-1985) foi mais seletiva e quando começou a matar muita gente já estava no exílio ou oficialmente presa. A Comissão Nacional da Verdade (CNV) instalada em 2012 por empenho direto da Presidenta Dilma Roussef e criada por meio da Lei 12.528/2011 apurou e lançou em seu relatório final 434 mortes e desaparecimentos causados pelo aparelho repressivo da ditadura civil-militar. 

Os desaparecidos são 210 e as famílias, apesar de todo o empenho, ainda não puderam dar um enterro digno a seus restos mortais. Ditadura é recurso extremo da luta política. Todas as ditaduras são cruéis e homicidas porque está implícita a ilegalidade e o crime nesta forma de governo, o uso da prisão ilegal, da tortura e do homicídio como meios políticos para exterminar os quadros políticos qualificados dos considerados por ela inimigos.


Pelo que conhecemos delas da América Central para baixo só com ditaduras as classes dominantes locais subalternas ao império conseguem deter as tendências reformistas. Portanto, barbas de molho pois enquanto o PSDB e o DEM estiverem no poder coisa boa não vem por aí.


Nota

[1] Villas Bôas reage à polêmica declaração de general sobre intervenção

O comandante do Exército afirmou que a sua instituição está "comprometida com a consolidação da democracia"

http://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/politica/2017/09/23/internas_polbraeco,628441/villas-boas-reage-a-polemica-declaracao-de-general-sobre-intervencao.shtml

Nenhum comentário:

Postar um comentário