sábado, 15 de novembro de 2014


AGORA VAI: REFORMA POLÍTICA COM FINANCIAMENTO EXCLUSIVAMENTE PÚBLICO DE CAMPANHA

                                                                                   
Caso a "Operação Lava Jato" seja realmente séria como parece e os delegados levarem até as últimas consequências a investigação da corrupção de agentes públicos e políticos teremos fatos suficientes para tornar irreversível a demanda por uma reforma política com financiamento exclusivamente público de campanha.

Combater corrupção é coisa complicada pois a classe dominante brasileira é apenas 5% da população - ela é aquela fração da população que é dona de 46% do PIB (IPEA) -, e esta gente para continuar sendo dominante precisa cooptar no aparelho de Estado e na classe política.

É aí onde a corrupção faz parte do que antigamente se chamava de sistema. Membros do Poder Judiciário, do Ministério Público e das Forças Armadas se auto pagam através de um mecanismo chamado de autonomia financeira. A ex-ministra Eliana Calmon pediu os contracheques de membros do MP e dos Desembargadores e Ministros dos Tribunais e ainda hoje espera...

Até em uma simples Câmara de Vereadores do mais distante dos mais de 5.500 Municípios também é assim, o Presidente recebe uma bolada transferida pelo Prefeito, o Chefe do Poder Executivo, e paga os salários dos vereadores e funcionários da Câmara e se auto paga, sem esquecer que os edis são os encarregados de fiscalizar aprovar ou não as contas do Prefeito e outros babados mais...

Nunca devemos esquecer que o controle político e jurídico da nação brasileira é feito pela classe política pois é ela que elabora as leis. Até as pedras das ruas sabem que em sua maioria a classe política é uma longa manus da classe dominante. Dando nome aos bois: o consórcio PSDB/DEMOS é o braço político mais autêntico do grande empresariado (banqueiros, empreiteiras como a OAS, Odebrecht, Camargo Correa, Mendes Júnior, UTC/Constran, Iesa, Queiroz Galvão, Galvão Engenharia, Engevix, etc.) bem como o PT e demais partidos de esquerda tentam ser o braço político dos trabalhadores.  


Caso queira conhecer alguns fatos e pormenores desta relação da grana com a dominação de classe no Congresso Nacional basta ler duas matérias curtas mas substanciosas no link abaixo [1]

Hipocrisias à parte mas ganhar uma eleição, comprar ou alugar um mandato comprando votos é uma barbada, até a esquerda já descobriu isto. Faça um teste, tente convencer alguém a votar em seu candidato; se não conseguir puxe um maço de peixes-bois como argumento e perceba a diferença...

Pois é isto mesmo, é desta maneira que a "Operação Lava Jato" pode expor o subterrâneo onde se encontram grande parte da classe política e a classe dominante. É no financiamento privado e clandestino das campanhas políticas que os membros da FEBRABAM, da FIESP e do empresariado menor do narcotráfico se conectam a parte da classe política. É este braço político que faz a luta política para que a classe dominante continue dominante.

Também não devemos esquecer que o controle político do Congresso Nacional permite aos banqueiros, empreiteiros, industriais, rentistas e outros membros menores da classe dominante chuparem com canudinho na jugular do ORÇAMENTO PÚBLICO da União.

Desta maneira, quem pensa que a "Operação Lava Jato" pode apenas atingir membros da base do governo no Congresso Nacional está muito enganado. O braço político dos caras que são os donos deste país estão muito mais expostos; mas não sejamos ingênuos, tudo está a depender da seriedade e honestidade das investigações.

Mas uma coisa é certa, "nunca antes neste país" se teve oportunidade igual de eviscerar a corrupção - o afanamento da grana pública por grandes empresas e a vinculação da corrupção com a dominação de classe e seu braço político - como agora.


 Nota:

[1] http://www.cartacapital.com.br/politica/a-rica-campanha-de-eduardo-cunha-7122.html

http://www.jornali9.com/noticias/denuncia/das-9-empreiteiras-alvo-da-operacao-lava-jato-seis-financiaram-aecio-com-20-mi#.VGaO5GKPNYM.facebook 


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