quarta-feira, 10 de julho de 2013

                          A traição de uma elite
                                                        
 
A traição é uma das piores baixezas que o ser humano pode cometer, apunhalar pelas costas quem lhes depositou lealdade e confiança é algo abominável, indescritível, principalmente quando se trata de um Chefe de Estado em relação ao seu povo.
A empresa de fachada, Booz-Allen, em que atuava o espião da CIA Edward Snowden, prestou serviços de consultoria em áreas estratégicas para o Estado brasileiro, privatização e reestruturação do sistema financeiro nacional, no governo de FHC. O ex-presidente diz que não sabia de nada, e afirma que se ocorreu espionagem foi de maneira ilegal, como se uma atividade ocorrida nos subterrâneos dos Estados, a invasão de segredos,  negada por todos, pudesse obedecer regras.

Vamos analisar a desculpa cínica e deslavada de FHC sobre a base de espionagem que existia ou existe no Brasil, mas que foi noticiada como tendo existido no governo do infiel ex-presidente[1].

Todos sabem que o ÚNICO concorrente dos EUA nas Américas é o Brasil, é só olhar o mapa e conferir: o tamanho do território, a população, as riquezas naturais para ter esta certeza. Assim, o império tem tratado a pão e água seu concorrente mais efetivo; uma das mais sórdidas manobras do império foi controlar o Exército brasileiro e induzi-lo ao golpe de Estado de 1964.
Por este expediente miserável os EUA expôs o Estado brasileiro a mais profunda fratura desde a Independência da metrópole em 1822 pois ao tomar o poder e executar uma ditadura contra o povo, sem saber como e quando sair do poder e tendo que responder por seus crimes, o Exército esteve à beira de uma divisão sangrenta.
O império sempre jogou para dividir e melhor dominar seu principal concorrente. A fratura com a divisão do país em dois foi evitada em 1964 pelo tirocínio político e grandeza de Jango, ainda não reconhecidos. Se Jango tivesse resistido teria consolidado o plano dos EUA de reconhecer um lado como governo legítimo, os golpistas sediados em Minas Gerais, e dividir o país, como dividiu a Coréia.
Como é sabido, se a divisão do país foi evitada por Jango, a divisão do Exército foi contornada de maneira duradoura pela obra de Geisel ao restaurar a hierarquia e a disciplina e por consequência o princípio republicano de que o comandante em chefe das Forças Armadas é o Presidente da República. Enfim, Geisel, liderando a ala do Exército apelidada de "sorbone" enquadrou os baderneiros da chamada "linha dura" e o Exército foi aquartelado, findando a ilegalidade dos governantes iniciada em 1964.

Conhecendo por pouco que seja a história recente do Brasil qualquer pessoa sabe que nosso país é vigiado pela CIA tanto quanto o FBI vigia os cidadãos americanos com a desculpa do terrorismo. É a política do império, o jogo bruto da política internacional onde as regras quem faz é o mais forte, vige a lei da selva.

A ascendência dos EUA em qualquer lugar do mundo onde procuram dissimuladamente manter sua influência é sobre os serviços secretos e sobre os exércitos, a espinha dorsal de qualquer Estado. Aqui no Brasil os EUA militarizaram o serviço secreto, que foi efetivamente foi criado sob a égide dos EUA quando começou a Guerra Fria e ainda mantêm essa influência[2].
 O dissimulado e mau-caráter, ele mesmo, quem mais poderia ser, FHC, o vendilhão da pátria, diz que não sabia da base de espionagem da CIA em solo brasileiro. Até as pedras das ruas sabem que isto é impossível pois não existe nada mais manjado que o submundo da espionagem para quem comanda um Estado.

Guardar segredo neste esgoto é uma das coisas mais difíceis que existe; segredo em qualquer atividade só existe para quem não é do ramo, não conhece o ambiente, pois no ambiente as coisas pululam, em qualquer negócio; manter segredo é uma das coisas mais difíceis do mundo.

Esta estória de FHC é de uma impudicícia que embrulha o estômago. Esta base de espionagem foi instalada com o conhecimento de FHC e com a conivência do Exército Brasileiro, que se comportou na ditadura como um exército de ocupação em relação aos nacionais que não aceitaram a traição. 
A condição subalterna aos interesses do império, a traição ao povo brasileiro cometida pela elite local é conhecida. O único momento de altivez foi quando o ex-metalúrgico ascendeu ao poder.   

Só acredita em FHC, o vendilhão, quem quer ou é incauto
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[1]Matéria muito bem elaborada encontra-se em Carta Maior, Empresa do espião Snowden foi consultora-mor do governo FHC, no sítio http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=22329

[2]Lucas Figueiredo narra com detalhes a história do serviço secreto brasileiro desde sua fundação no livro MINISTÉRIO DO SILÊNCIO A história do serviço secreto brasileiro de Washington Luís a Lula 1927-2005.
 

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