segunda-feira, 20 de setembro de 2021

                      O CARA ERA A FEBRE DO RATO


Paulo Freire (1921-1997) 
             

Hoje, 19/09/2021, é a data em que se comemora o centenário do nascimento de Paulo Freire e não posso deixar de confessar minha dívida para com a obra dele. É uma dívida grande, o melhor de minha pegada ao pensar e ler devo a ele.

Inicialmente me interessei pelo método de alfabetização do mestre pois como toda pessoa de esquerda considero que o item mais precioso do patrimônio de um cidadão é sua educação. Isso lá pelos anos de 1979 e início dos anos oitenta.

Procurei ler exatamente como ele orientava em uma entrevista das páginas amarelas da VEJA e depois fui aprender como funcionava seu método de alfabetização de adultos.

Sua pegada revolucionária é a leitura, de uma radicalidade jamais ombreada: aprende-se a ler por seu método simultaneamente com a leitura do mundo e  dos livros. Ao ler o educando mobiliza tudo o que sabe da experiência de vida e dos textos para ler o mundo e os textos.

Não tem neutralidade política nisto, o mundo é feito de injustiças, estão sob nossos olhos, só que os leitores ingênuos e os que não dominam o código escrito não têm recursos linguísticos para percebê-las melhor. Seu método busca justamente isto, aparelhar as pessoas para melhor lerem o mundo, alfabetizando-as.

A pegada do mestre é radicalíssima e por isso ele é tão odiado pelos reaças e direitistas de todos os naipes, quase todos amestrados e que do pensamento dele nada conhecem mas agem como cérberos da minoria dominante.

Esta radicalidade o faz atual e necessário. Os celerados que vilipendiam sua obra culpando-a pelo ensino ruim do sistema público de educação no Brasil sabem que o problema é justamente a falta de Paulo Freire em nossas escolas e universidades pois nestas instituições se ensina a ler pessimamente tal como prova a quantidade de analfabetos funcionais, até mesmo entre estudantes universitários.

Portanto, temendo as consequências que adviriam de um povo alfabetizado segundo os passos de Paulo Freire fazem um ataque preventivo para desviar a atenção deste grande tesouro da educação que é a obra do mestre.

Sou uma flor de pessoa, amigos até passam atestado, mas nem tudo são flores nesta vida ingrata, por ler como manda o mestre arranjei alguns inimigos entre os sacripantas pois cria um grande mal-estar entre eles uma leitura radical do mundo.

Para finalizar apresento aqui uma definição do mestre sobre o que seja um analfabeto: "Analfabeto é aquele que não sabe ler ou aquele que sabendo ler, não ler."

O cara era radical, a febre do rato. Salve mestre.



Nenhum comentário:

Postar um comentário