DOIS TORTURADORES DENUNCIADOS
Frei Tito de Alencar (1945-1974) |
Dois torturadores contumazes - Homero César Machado e Maurício
Lopes Lima, um à época capitão de artilharia e o outro capitão de infantaria,
ambos do Exército - foram denunciados pelo MPF [1] por infligirem os piores
tormentos a Frei Tito de Alencar.
Como se sabe Frei Tito se suicidou pois não conseguiu conviver
com as chagas psicológicas da tortura. Seu principal algoz foi Sérgio Paranhos Fleury - torturador, associado ao tráfico de drogas ilícitas e assassino profissional - Delegado do DEOPS paulista eliminado pelos militares em 1979 em queima de arquivo.
Preso em novembro de 1969, Frei Tito passou dez dias
literalmente no inferno pois logo após ser torturado no DEOPS/SP foi levado
para a OBAN onde foi torturado entre os dias 17 a 27 de fevereiro de 1970.
Um dos torturadores do DEOPS disse a Frei Tito: "Você não
vai falar e vai pagar com a vida o preço de sua valentia." A valentia
consistia em não delatar quem quer que fosse. O desgraçado sabia o que estava fazendo
e as consequências de seus atos malignos para a vítima.
Frei Tito juntamente com outros dominicanos presos eram acusados
de colaborar com a ALN - Ação Libertadora Nacional - organização que tinha
entre seus principais líderes na luta contra a ditadura o baiano Carlos
Marighella e Joaquim Câmara Ferreira.
É lamentável que só agora o Ministério Público Federal tenha
oferecido denúncia contra os criminosos, o que prova a cumplicidade do MP com a
ditadura.
O Poder Judiciário, principalmente representado no STF, também
tem esta mácula na história. Este como guardião da Constituição fez de conta
que a ditadura não existia e que existia Constituição, seus membros viviam como
se estivessem em outro planeta.
Mas verdade seja dita, a cumplicidade e covardia nestes tempos
sombrios era de quase totalidade da sociedade brasileira, que se encontrava
subjugada e amedrontada, aquela parte que não colaborava abertamente com a
ditadura.
Um fato ilustra esta situação abjeta: os dominicanos pediram a
Dom Lucas Neves que desse depoimento, um relato do que seus olhos tinham visto,
o estado em que se encontrava Tito na cadeia depois de tê-lo visitado e Dom
Neves respondeu que não poderia atender este pedido para não prejudicar seu
trabalho pastoral. (BATISMO DE SANGUE, p. 269).
Tempos sombrios de muito medo, fraqueza, baixeza mas também de
muita coragem. Muitos correram para debaixo da cama quando rufaram as botas. Só
os que fizeram a luta armada disseram não com atos e desafiaram o governo
ilegal, surgido da conquista do poder pela deposição de Jango, portanto, obtido
e mantido por via criminosa.
Nota
[1] Aqui
o link para a DENÚNCIA
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