sábado, 6 de fevereiro de 2016

     DOIS TORTURADORES DENUNCIADOS


Frei Tito de Alencar (1945-1974)
                                 

Dois torturadores contumazes - Homero César Machado e Maurício Lopes Lima, um à época capitão de artilharia e o outro capitão de infantaria, ambos do Exército - foram denunciados pelo MPF [1] por infligirem os piores tormentos a Frei Tito de Alencar.

Como se sabe Frei Tito se suicidou pois não conseguiu conviver com as chagas psicológicas da tortura. Seu principal algoz foi Sérgio Paranhos Fleury - torturador, associado ao tráfico de drogas ilícitas e assassino profissional - Delegado do DEOPS paulista eliminado pelos militares em 1979 em queima de arquivo. 

Preso em novembro de 1969, Frei Tito passou dez dias literalmente no inferno pois logo após ser torturado no DEOPS/SP foi levado para a OBAN onde foi torturado entre os dias 17 a 27 de fevereiro de 1970.

Um dos torturadores do DEOPS disse a Frei Tito: "Você não vai falar e vai pagar com a vida o preço de sua valentia." A valentia consistia em não delatar quem quer que fosse. O desgraçado sabia o que estava fazendo e as consequências de seus atos malignos para a vítima.

Frei Tito juntamente com outros dominicanos presos eram acusados de colaborar com a ALN - Ação Libertadora Nacional - organização que tinha entre seus principais líderes na luta contra a ditadura o baiano Carlos Marighella e Joaquim Câmara Ferreira.

É lamentável que só agora o Ministério Público Federal tenha oferecido denúncia contra os criminosos, o que prova a cumplicidade do MP com a ditadura.

O Poder Judiciário, principalmente representado no STF, também tem esta mácula na história. Este como guardião da Constituição fez de conta que a ditadura não existia e que existia Constituição, seus membros viviam como se estivessem em outro planeta.

Mas verdade seja dita, a cumplicidade e covardia nestes tempos sombrios era de quase totalidade da sociedade brasileira, que se encontrava subjugada e amedrontada, aquela parte que não colaborava abertamente com a ditadura.

Um fato ilustra esta situação abjeta: os dominicanos pediram a Dom Lucas Neves que desse depoimento, um relato do que seus olhos tinham visto, o estado em que se encontrava Tito na cadeia depois de tê-lo visitado e Dom Neves respondeu que não poderia atender este pedido para não prejudicar seu trabalho pastoral. (BATISMO DE SANGUE, p. 269).

Tempos sombrios de muito medo, fraqueza, baixeza mas também de muita coragem. Muitos correram para debaixo da cama quando rufaram as botas. Só os que fizeram a luta armada disseram não com atos e desafiaram o governo ilegal, surgido da conquista do poder pela deposição de Jango, portanto, obtido e mantido por via criminosa.

Nota
[1] Aqui o link para a DENÚNCIA



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