segunda-feira, 30 de junho de 2025

                                  POLÍTICA E CONVERSÃO


Não é raro que em alguma discussão política fique constatado que a realidade política é opaca aos olhos de muita gente, inclusive pessoas inteligentes e educadas.

A instrução política começa ao se aceitar o que Maquiavel disse sobre a natureza humana. O resto é saber que em política não se quer converter nenhum ser humano em santo - este empenho é do Papa - mas alcançar objetivos factíveis. Objetivos políticos divergentes geram a luta política pelo poder.

A natureza humana é ruim, fraca e má, dizia o gênio florentino. Toda pessoa minimamente instruída sabe disto. Construir instituições que brequem este lado negativo do ser humano é o desafio que tem sido a construção do que se chama civilização.

Um exemplo do que seja a natureza humana na política é a reação dos cidadãos sob uma ditadura, situação em que todos mostram o que são, e os piores são os puxa-sacos pois destituídos de dignidade buscam retirar proveito de qualquer circunstância e sem eles nenhuma ditadura se firma, ademais, servem com prazer a quem estiver disposto a deles servir-se.

Existe um outro tipo de cidadão que não se sente nem um pouco incomodado com uma ditadura, é como se os governantes tirânicos estivessem em outro planeta, são os indiferentes. Muitas vezes participam e fazem gestos inusitados mas apenas por uma fração de tempo.

Outro tipo de cidadão se sente profundamente desafiado, chamado para a briga, ofendido, humilhado por um governo ditatorial, consideram inaceitável serem postos de joelhos. Estes cidadãos saem para a briga, com palavras, armas, mobilização da maioria, o que puder utilizar pois contra uma ditadura nenhum inimigo é ilegítimo e nenhum meio é em princípio condenável.

Como derrotar uma ditadura? Até no filme O GLADIADOR se sabe que mobilizar a maioria, a massa, a multidão, é fundamental para se detonar um tirano.

É neste ponto que a ação individual se mostra insuficiente embora se saiba que as minorias e o papel de alguns indivíduos são insubstituíveis - o partido leninista é um exemplo de aplicação desta constatação. As multidões têm feito a história contemporânea, mas não custa lembrar que é preciso quem as ponha em movimento.

A natureza humana é ruim. Conhecê-la é fundamental para quem faz política pois a ação política se pauta por ter objetivos factíveis, por exemplo, impedir que um governo não se torne ditatorial, votar leis que universalizem direitos e que serviços públicos sejam ampliados e melhorados, algo bem distinto de querer converter bandidos em santos, redimir a natureza humana.