CAMPANHAS DE ÓDIO
Já recebi em meu e-mail mensagens provenientes de correntes com mensagens absolutamente inverÃdicas e algumas até veiculando fatos mas com interpretações completamente distorcidas e tÃpicas de campanhas de incitação ao ódio. A última que recebi é veiculada utilizando uma suposta notÃcia com indignação de um professor do Rio Grande do Sul.
O alvo da incitação ao ódio é a democracia, de maneira oblÃqua, pois de maneira direta são os polÃticos e todo o conjunto do ativismo polÃtico. Como recurso de comunicação usam o preconceito acoplado à imagem pública de artistas, celebridades e jogadores de futebol, normalmente.
Preconceito, ressentimento e ódio
Valem-se do preconceito e de teorias conspiratórias para desestabilizarem a sempre hesitante classe média. Para estes propagandistas o grande mal é o Congresso Nacional, os partidos e os polÃticos, e obviamente a democracia e a liberdade, pois não existe democracia sem polÃticos, sem partidos, sem movimentos sociais e sem os demais canais de participação polÃtica do cidadão.
Para estes negadores da polÃtica e da própria liberdade não é a concentração de renda e o analfabetismo (herança ainda da escravidão) nem instituições herdadas do Estado escravocrata e monarquista - tão incapazes de responder à s questões que lhe são postas - como o Poder Judiciário que merecem ser discutidas para serem modificadas ou erradicadas da sociedade brasileira - para estes irracionalistas e tapeadores basta suprimir a polÃtica.
Os autores destas campanhas almejam amortecer o ativismo polÃtico com a desinformação propositada - contra-informação -, tentado incutir desilusão, desestabilização, confusão e ódio, apelando para o ressentimento entre a classe média, onde se encontra parcela significativa do contingente dos apoiadores da guinada à esquerda no espectro polÃtico desde a eleição do ex-presidente Lula em 2001.
Este tipo de irracionalismo ressentido é negador dos principais valores em que se fundam a democracia e os Direitos Fundamentais do Cidadão, os chamados Direitos Humanos: a liberdade e o respeito que cada cidadão deve ter pelos direitos dos outros.
Campanhas de ódio resultam em agressões e assassinatos
O alvo destas incitações ao ódio podem ser pessoas abstratas como um partido polÃtico ou determinada categoria de cidadãos. Quando dirigidas contra pessoas especÃficas é quase certa a ocorrência de agressões fÃsicas.
O anonimato sempre serviu para abrigar e encorajar caluniadores. Por isso internet é um campo fértil para a disseminação deste tipo de linchamento moral e o melhor nicho de recrutamento dos ressentidos.
Assim, devemos tomar cuidado com campanhas de ódio - seja por correntes de e-mail seja pelos meios de comunicação -, usando a imagem de pessoas famosas pois se trata de um recurso hábil para incitar a mágoa gratuita, a inveja, o rancor, a intolerância e o desrespeito pelas regras de uma sociedade que aspira a ser substancialmente democrática.
Vamos refletir: não é o salário de Ronaldinho Gaúcho pagado por quem gosta devê-lo jogar futebol um problema para nós; não é o rebolado de Carla Perez ou as bobagens de Faustão que nos diminui; também não é a democracia e seus custos que nos avilta, mas a ditadura, a supressão da democracia; os salários dos representantes do povo e os custos das campanhas terão que ser objeto da Reforma PolÃtica que se faz urgente; também não nos desonra a eleição democrática do palhaço Tiririca por quem se dispôs a votar nele.
Todas estas coisas são legÃtimas e não podem ser recebidas como insulto, pois não são. No que diz respeito à vida intima de cada cidadão, a melhor polÃtica é que cada um deve cuidar da sua. Quando um cidadão começa a invadir a esfera privada de outros a paz social está ameaçada. Os pregadores do ódio sabem isso, buscam isso.
O objetivo final destes pregadores do ódio é neutralizar a capacidade de pensar para assim induzir condutas polÃticas irracionais que resultam sempre em ditadura. Anote-se que no Brasil todas as vezes que a participação popular aumentou, ao chegar a determinado ponto ocorreu golpe de Estado e ditadura, assim foi em 1954, que culminou com o suicÃdio de Vargas em face do golpe de Estado que se avizinhava; a tentativa de impedir por golpe a posse de JK e a igual tentativa de impedir Jango de tomar posse como presidente em 1961.
Em 1964 depois de aprenderem que sem galvanizar a opinião pública desnorteando-a com mentiras, fracionamentos e condutas polÃticas irracionais jamais venceriam, os golpistas lograram êxito em vitimar o regime democrático e mergulhar a sociedade brasileira nas trevas de uma ditadura que suprimiu a liberdade e os Direitos Fundamentais do Cidadão.
O grande inimigo destas campanhas mal disfarçadas de ódio é a democracia, que para ser golpeada e substituÃda por uma ditadura os golpistas - a direita midiática, longa manus dos quartéis -, precisam antes fazer com que os cidadãos tomem-se de ódio irracional uns pelos outros, uma forma eficaz de subjugar contando com a aquiescência das próprias vÃtimas.
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