ATÉ O PATO É ROUBADO
A sonegação é o maior roubo do dinheiro público no Brasil. A mais eficaz forma de sonegar é abrir uma empresa com inscrição no CNPJ.
Malandros profissionais com anos no
balcão da sonegação tomaram a iniciativa de acusar os inimigos dos crimes que
cometem. Foram eles, os sonegadores, que conclamaram e engrupiram midiotas a andarem com um ridículo pato de
borracha amarelo para cima e para baixo reclamando contra a carga tributária
[1].
A realidade factual desmente esta
campanha tocada pelos sonegadores com a finalidade de acobertar a sonegação e a
perversidade de terem empurrado na Constituição de 1988 a conta no bolso dos
trabalhadores açodando a tributação indireta - aquela que incide
ao se consumir mercadorias ou usar serviços -, a principal característica do
atual sistema tributário nacional.
É aí que entra o pato amarelo
inflado para ludibriar outros “patos”. Esta é uma ideia de Paulo Skaf,
presidente da FIESP, que quer convencer a população de que eles, os maiores sonegadores,
pagam muitos impostos. Este cidadão é chefe de uma entidade que tem tantos sonegadores
quantos associados tem, salvo as exceções de sempre.
Até as pedras das ruas sabem que quem
mais paga impostos no Brasil é quem ganha até três salários mínimos [2],
portanto, os trabalhadores da parte mais baixa da pirâmide social. Por esta razão no Brasil qualquer trabalhador paga mais impostos que seu patrão.
Os que ganham até 3 salários
mínimos correspondem a 79,02% da população que paga impostos, que
contribuem com R$ 537.937.743.190,66 do total arrecadado, que
corresponde a 53,79% [3] do entesourado.
Quem ganha até três salários mínimos
não tem oportunidade de sonegar
pois dispende tudo o que ganha em itens básicos e jamais deveria pagar qualquer
imposto.
A corrupção por meio da sonegação
- o afanamento do dinheiro público antes de entrar nos cofres da nação
brasileira - é sete vezes maior que a bandalheira praticada por
prefeitos, vereadores e demais membros da classe política.
No Brasil, em tese, todo empresário é um
sonegador. Raros não cometem este crime, um deles é Sílvio Santos. Vejamos
os números:
"Sonegação de impostos é sete
vezes maior que a corrupção
Deixa-se de recolher 500 bilhões de
reais por ano aos cofres públicos
no País, ao passo que o custo anual médio da corrupção no Brasil, em valores
de 2013, corresponde a 67 bilhões anuais" (Fonte: Carta Capital,
publicado 30/03/2015 03h40, última modificação 02/04/2015 15h08).[4].
Ainda sobre o pato amarelo noticiou o
jornalista Fernando Brito no site TIJOLAÇO em 30/03/2016 que o artista plástico
holandês Florentijn Hofman acusa
a FIESP de plágio, de ter-lhe afanado
a criação [5].
Como se pode rapidamente perceber
esta campanha usando o pato amarelo é um exercício de caradurismos à toda
prova; sem dúvidas que os que se apropriaram da criação do artista esgotam o
estoque de óleo de peroba por onde passam com o pato a tiracolo pois nem do surrupio
dos sonegadores a ave escapou.
Mas até aí nenhuma novidade, ricos
defendem seus interesses com todos os métodos disponíveis, trapaça de todo
tipo, chute nos quibas e toda sorte de golpes baixos, e até se passar por
honestos.
O que merece reflexão é o fato de
algumas pessoas da parte baixa da pirâmide social ainda serem engrupidas com
espelhos como se enganavam os índios quando as caravelas aqui aportaram.
No mínimo é um insensato, verdadeiro
aloprado, o cidadão que se deixa conduzir para uma luta contra o pagamento de
impostos organizada por sonegadores.
Mas parece que o caradurismo virou
moda pois até manifestação contra a "corrupção" já foi convocada por
contumazes corruptos em conluio com seus irmãos siameses, os sonegadores,
corruptos profissionais sob a fachada de um CNPJ. Nem as máfias italianas têm tamanha ousadia.
Chega a ser constrangedor ver
trabalhadores acreditando em Paulo Skaf - o pai do pato amarelo plagiado e o chefe de uma entidade que tem mais sonegadores
que cabelo em cachorro -, e carregando a
ave anseriforme abestalhada para cima e para baixo.
“Não precisa a turma da FIESP
pagar o pato, basta pagar os impostos”, como acertadamente falou o Senador
Roberto Requião.
Notas
[1] Quanto mais rico, menos impostos pagos
[2] Quem recebe até três salários mínimos é quem
mais paga impostos no Brasil
[3] Idem., ibidem
[4] Sonegação de impostos é sete vezes maior que a
corrupção