O GOLPE NÃO É OBRA DO ACASO
O momento
político é crítico pois o condomínio formado pelo PSDB, DEM e demais criminosos
enquistados em siglas de menor expressão se esmeram para na trapaça capturarem o
governo federal, surrupiarem aquilo que a soberania popular expressa por 54
milhões votos lhes negou.
Com a maior
caradura querem na “mão grande” - inventando um falso impeachment pois ausente
o crime de responsabilidade imputado à Presidenta Dilma - usurpar o
poder.
Esta é a nova
modalidade de golpe de Estado aplicado com êxito em Honduras e no Paraguai. Espero
que sirva de lição aos destituídos de instrução política mínima que faziam críticas
acerbas à aliança que o PT tinha feito no Congresso Nacional para governar.
Criticavam o que chamavam “governabilidade”, assim mesmo, entre aspas.
Pândegos, vejam
se aprendem com os fatos, este golpe mostra de maneira empírica que se governa
o Brasil no Congresso Nacional pois é por meio das leis e das emendas
à Constituição que se dar direção as ações dos governantes. No Brasil sem
maioria no Congresso o Presidente da República não governa e ainda corre o
risco de não concluir o mandato.
A esquerda
primária não sabe que para o governo federal fazer uma estrada de ferro,
uma ponte ou um programa social é preciso lei que autorize a
destinação da grana prevista no ORÇAMENTO da UNIÃO.
Sem maioria no
Congresso nenhum Presidente da República governa o Brasil e a história demonstra o quão traumático tem sido um Congresso hostil. Getúlio foi levado
ao suicídio em agosto de 1954 porque os golpistas de então tinham maioria no
Congresso, como sempre a imprensa golpista estava toda empenhada em distorcer a
opinião pública contra um governo legítimo e em cooptar os militares - que deram
o ultimato ao líder gaúcho para que se licenciasse, obviamente sem volta ao cargo.
Jânio Quadros
também renunciou em 1961 porque não tinha partido nem maioria no Congresso
Nacional para governar e aí urdiu a renúncia acreditando que voltaria pela
força das armas dos militares e governaria como ditador. Como se sabe o plano
deu errado, ele esqueceu de combinar com os inimigos.
João Goulart
enfrentou um Congresso hostil, era um político hábil, sabia negociar mas
enfrentou um Congresso eleito para impedir que governasse e fizesse as REFORMAS
DE BASE - que somente viriam por leis e por emendas à Constituição.
Fernando Collor
também chegou ao poder em condições políticas iguais às de Jânio Quadros, sem
partido e sem maioria no Congresso Nacional. Renunciou em face do impeachment
dado como certo pois foi flagrado dinheiro de depositantes
"fantasmas" criado por Paulo Cesar Farias na compra de um Fiat Elba e
nas reformas da "Casa da Dinda."
O golpe de
Estado que ora é desfechado contra o mandato da Presidenta Dilma foi urdido
antes de sua posse em 1º de janeiro de 2015 pois logo após a reeleição os
golpistas já cogitavam o falso impeachment constatado que tinham maioria no
Congresso. A aliança que permitiu o PT governar até então tinha sido solapada.
A crise
econômica ajudou a trincar a aliança mas houve trabalho político e muito
dinheiro investido para que a atual legislatura no Congresso Nacional tenha a composição que tem. O golpe de Estado que ora se perpetra
contra o mandato da Presidenta Dilma não é obra do acaso.
Amigos meus defendem
a união de todos os partidos de esquerda em torno de um PROGRAMA DE GOVERNO
para mobilizar a população para enfrentar os golpistas e o possível governo
ilegal e ilegítimo de Temer e Eduardo Cunha. Vejo isto como o resultado do
típico descolamento que a esquerda tem da realidade, algo assim como alguém
querer fazer uma omelete antes da galinha pôr os ovos.
Ademais, nunca
devemos esquecer que para mobilizarmos a população devemos prepará-la
antes.
O momento é de defesa da
legalidade constitucional em que se fia a democracia e de direitos tão importantes
como os direitos sociais e os direitos fundamentais inscritos
nos artigos 7º e 5º da Constituição Federal mas é também de mobilização
e de politização.
Do meu ponto de
vista devemos fazer uma união dos partidos de esquerda em torno de uma tática
comum aproveitando o momento de discussão da legalidade constitucional
para explicarmos em palestras de formação à população que o que está em disputa
é o ORÇAMENTO da UNIÃO, os programas
sociais e todas as conquistas dos últimos 12 anos.
Devemos nos
fazer entender pela população e explicarmos que é no Congresso Nacional e
especificamente na Câmara dos Deputados que se governa o Brasil. É lá
que se fazem leis
direcionando os gastos do ORÇAMENTO, é lá que se faz ou se extingue por
lei programas sociais e gastos direcionados à parte da população da base da
pirâmide social.
É desta maneira,
por esta tática, que devemos fazer a população entender que o voto para deputado
federal deve ser valorizado pelo eleitor. Assim estaremos nos preparando
também com antecedência para a disputa de 2018 quando ocorrerá eleição para
deputado federal, senador e Presidente da República.
Em tempos idos a
UNE já tomou iniciativa igual mas que foi abortada pelo golpe de Estado em 1964.
A UNE criou os CPC’s - Centro Popular de Cultura - e a UNE volante, meios pelos
quais se procurava ir até a população formá-la em face da disputa política e
até mesmo alfabetizar tendo em vista as eleições que se realizariam em 1965.
Precisamos dar
operacionalidade às ideias, criar táticas, pois sem capacidade de disputa falar
em programa de governo é apenas um exercício abstrato e de nenhum retorno
prático na disputa
do governo e do ORÇAMENTO federal.