"COCAÍNA NÃO É VITAMINA"
Tenho lido algumas matérias sobre a política de
"guerra às drogas" e seus efeitos conhecidos, encarceramento em massa
de jovens pobres, negros, corrupção de
autoridades (juízes, delegados de polícia, agentes policiais, desembargadores),
membros do Ministério Público, mortes prematuras e aumento de homicídios.
Há
quem defenda a total liberação do uso. Tive um professor de direito penal e desembargador
que defendia a total liberação sob o argumento de quem quisesse se matar que se
matasse.
Alguns
ganhadores do prêmio Nobel de economia já defenderam a total liberação, lembro
agora do nome de um: Milton Friedman, o pai "espiritual" do Ministro
Paulo Guedes.
FHC
também defende a liberação, mas a mídia amiga (amiga dele) o mantém na moita e
fora do ataque da malta ignara, hipócrita e linchadora.
O
assunto é sério e merece toda atenção. Já li alguma coisa pois no começo de
minha formação de sociólogo era perceptível que o consumo de drogas ilícitas só
aumentaria, dada a constatação do fracasso da estratégia repressiva, daí seria
relevante estudar possíveis causas e o emaranhado de consequências que o
consumo e a política repressiva desencadeariam.
Vou
abreviar. O rolo é que enquanto houver consumidor haverá quem venda. O
"açúcar" do negócio é que todas elas provocam efeitos no sistema
nervoso central, sensações de prazer, seja maconha, cocaína ou bebida
alcoólica.
Nunca
fumei maconha, não gosto de papos de maconheiros e nem do cheiro de maconha e
não sei como alguém usa uma droga tão malcheirosa. Contudo, o que se sabe por
estudos sérios é que nas mesmas quantidades maconha é menos nociva que a bebida
alcoólica [1].
Pode
parecer muito libertário defender a liberação mas não é. O viciado é um escravo
do vício, um trapo humano, quem já teve um alcoólatra na família sabe o drama.
Pelo
que li existem drogas leves, como cafeína e maconha. Mas o fumo, a bebida
alcoólica, a cocaína e a heroína são drogas pesadas e causam um grande estrago
na saúde e uma vez viciado o indivíduo é um doente a padecer de uma doença
crônica até o fim da vida, sujeito a recaídas e em luta constante contra o
vício.
Basta,
todo mundo sabe disto. O que de fato interessa é a maneira, para mim
equivocada, em opor liberação versus repressão.
Lembro-me
de uma frase lapidar de um professor da UFBA (Ricardo Líper), "cocaína não é
vitamina", que para mim resume a questão, certas drogas são perigosas. Daí
nada do que sei me faz inferir que a sociedade sancionará a liberação.
É muito
provável que a sociedade não permitirá que crianças, adolescentes e jovens
sejam expostos ao consumo para que alguns acumulem mais dinheiro destruindo
vidas.
Como
percebo o problema, a escolha será entre a repressão feita pelo Estado ou a
encetada pela própria sociedade em repressão difusa e privada.
E se
sabe sem dúvidas que a repressão difusa é muito mais violenta e descontrolada,
basta não esquecer como são os linchamentos.
Nota