quinta-feira, 30 de maio de 2024

            HÁBITOS DOS RICOS QUE VOCÊ PODE APLICAR EM SUA VIDA

        

Nicolau Maquiavel (1469-1527)

                                                                                                                        
Já demorou demais o surgimento de um livro sobre como se acumula uma montanha de dinheiro, livro este que deve ser nos moldes em que Nicolau Maquiavel escreveu o livro “O Príncipe”.

Maquiavel mostrou através de fatos bem analisados como funciona a política prática ou arte política. Em sua compreensão, esta mecânica política não é moral nem imoral, é amoral, daí os fins justificam os meios. [1]

A maneira como se forma uma grande fortuna tem mecanismo próprio análogo ao da política prática, os resultados justificam os meios. Todos os que acumulam uma grande fortuna agem exatamente desta maneira. 

Nenhum livro de economia ou de administração diz como se forma uma grande fortuna; muitos autores destes livros sabem mas nenhum deles tem coragem para escrever como funciona o mundo dos negócios.

Quem melhor escreveu até agora sobre dinheiro foi Marx. Dinheiro não é exatamente as cédulas, estas são a parte menos importante do dinheiro, este é muito mais, o que só se entende quando visto o dinheiro dentro de uma relação social, tal como Marx fez no estudo da mercadoria.    

O dinheiro é também como se ganha e como se gasta, mecanismo que só se entende quando visto dentro da própria sociedade. Depois que entender isto você não se iludirá mais pensando que dinheiro é apenas as cédulas.   

Vejamos. Os hábitos dos ricos para acumularem incluem muita avareza, sonegar impostos, surrupiar créditos trabalhistas, "armar" em licitações superfaturando e pagando propinas a servidores corruptos, adulterar produtos (café com fragmentos de madeira, fabricar toalhas que não enxugam, vender gasolina "batizada" (misturada com água e solvente de tinta)), e outras fraudes mais que a imaginação permite criar.

Portanto, sem cometer muitos crimes ninguém junta uma grande fortuna. Outra coisa: dinheiro público doado (além do furtado) pelos financiamentos dos bancos públicos a fundo perdido, nenhum empresário deixa de mamar nas tetas do Estado. O Estado é fundamental na formação do capital. Sem o Estado não existe capitalismo.

Então amigo, se você não tem pendores para o crime e para a trapaça esqueça qualquer possibilidade de ficar rico. Resta claro que a vergonha e o sentimento da honra são um óbice para a formação de uma grande fortuna. Tem que ser cínico, hipócrita e descarado para amealhar uma montanha de dinheiro.

Contudo, se você ficar rico será admirado por um rebanho de otários que não saberão o que você fez para acumular e terá um monte de mulheres atrás de você, nem que seja para lhe aplicar um golpe, mas terá.  A vida é assim, o crime não compensa, mas quando compensa muda de nome, o cara passa a ser chamado de grande empreendedor.

Uma grande fortuna tem o mesmo efeito para o rico que o batismo no Rio Jordão, o redime de todos os crimes como este mergulho purifica o pecador.  


Nota

[1] Reinaldo Azevedo anda dizendo por aí que Maquiavel nunca escreveu que os fins justificam os meios. Isto se deve ao fato dele repetir o que outros dizem sem fazer uma consulta ao livrinho do gênio florentino. Desconfiei desta estória de que Maquiavel nunca escreveu esta frase pois a afirmativa que os fins justificam os meios está em completa coerência com a percepção de Maquiavel sobre a amoralidade do mecanismo da política prática.

Vejamos o que consta em “O Príncipe”, CAPÍTULO XVIII – A CONDUTA DOS PRÍNCIPES E A BOA FÉ: “Todos vêem nossa aparência, poucos sentem o que realmente somos, e estes poucos não ousarão opor-se à maioria que tenha a majestade do Estado a defende-la - na conduta dos homens, especialmente dos príncipes, da qual não há recurso, os fins justificam os meios. Portanto, se um príncipe pretende conquistar e manter um Estado, os meios que empregue serão sempre tidos como honrosos, e elogiados por todos, pois o vulgo se deixa sempre levar pelas aparências e os resultados; o mundo se compõe só de pessoas vulgares e de umas poucas que, não sendo vulgares, permanecem isoladas quando a multidão se reúne em torno do soberano.” Maquiavel, Nicolau. O PRINCIPE. Ed. Universidade de Brasília, p. 77. 1979.

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