MINHA SOLIDARIEDADE A UM PERSEGUIDO
O calvário de José Dirceu |
José Dirceu enfrenta seus
inimigos quase só, mas com altivez e distanciamento, quase frieza e desprezo. Amigos e os
poucos aliados não se empenham em difundirem uma análise dos supostos fatos
imputados nos processos. Os inimigos aceitam e divulgam com prazer a versão
oficial feita sob encomenda para encarcerar um inimigo.
Acho uma baixeza combater um
inimigo com mentiras e fraudes. Mas tem quem goste deste tipo de expediente.
Hipocrisia à parte, afastando os
incautos, só não sabe quem não quer que a luta política que se desenrola depois
que o PT chegou ao governo federal é para manter a atual organização econômica
semi escravocrata ou rompermos com ela de vez.
A população não sabe com muita
clareza o que está em curso no país, mas sabe que o golpe de 2016 foi contra
ela, para retirar-lhes direitos e conquistas. Mas vamos ser justos, até quem
frequentou universidade tem sido enganado, o que mostra o nível de colonização
de nossas universidades.
A inserção do Brasil na economia
mundial, sua posição subalterna por mecanismos políticos internos, é
desconhecida mesmo depois dos trabalhos de Florestan Fernandes, Celso Furtado e
Caio Prado. É inacreditável para um estrangeiro o nível de ignorância sobre nós
mesmos cultivado nas universidades.
É neste contexto que é preciso averiguar se são verdadeiras as imputações feitas a todos eles e particularmente a José Dirceu.
Na AP 470 imputam ao Zé entre
outros absurdos a prática de corrupção ativa, dizem que colaborou para comprar
deputados. Na operação de Sérgio Moro sapecam lavagem de dinheiro, ter recebido
propina e outras infâmias.
Tudo mentira. Mas quantos terão
tempo, paciência e interesse para checar as narrativas imputadas ao cara? É
mais fácil acreditar nas lorotas jurídicas e na Rede Globo.
Mas estas narrativas só durarão
enquanto existir quem no Poder Judiciário as sustentem. Quando os golpistas forem chutados
do poder quem sabe o que ficará de pé? Sem dúvidas que a verdade florescerá.
Tomar o poder por um golpe de
Estado é uma tremenda entalada. Uma coisa é certa: não é possível governar o
país sem eleições. E como eles vão pedir votos se nem a classe média foi
beneficiada com o golpe?
Outra certeza: não é possível
deter uma tendência social e política sem mortes. O que então os golpistas irão
fazer? Se fizerem uma ditadura como e quando sairão do poder sem serem julgados
pelos crimes cometidos?
Dirceu sabe que ciclos políticos
findam cada vez mais rapidamente. Ele estima que este ciclo inaugurado pelo
golpe de 2016 findará em cinco ou seis anos. Veremos. Em 64 Jango disse que a
ditadura não duraria 10 anos; durou 21.
Costa e Silva quando participou
do golpe em 64 esteve na ALBa e disse em discurso que os militares no poder
virariam o milênio; durou 21 anos. Durou muito menos do que eles pensavam.
Existe muita incerteza quanto ao
futuro mas em política as opções são limitadas. Uma opção para eles é a democracia
restrita à maneira colombiana onde partidos políticos de esquerda e movimentos
sociais foram banidos da vida política pelo assassinato constante das
lideranças.
Ando pensando que os golpistas
trabalham com esta opção pois como eles podem disputar eleições se nem a classe
média pode ser incluída como parte beneficiária do golpe?
Dirceu é muito arguto e vê longe. Pela última entrevista [1] que deu antes de ser preso parece que vê também esta possibilidade. Aguardemos o desenrolar dos fatos
pois a política é arte do possível e do que muitas vezes parece impossível.
Nota
[1] EXCLUSIVO | Zé Dirceu: Subestimamos a direita e politizamos pouco a sociedade
Nota
[1] EXCLUSIVO | Zé Dirceu: Subestimamos a direita e politizamos pouco a sociedade
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