ODIAR OU NÃO ODIAR?
Qual o papel que o ódio desempenha na política? Será um bom
fator de mobilização? O que se pode construir com a instigação do ódio?
Muitos tolos criticam o slogan "Lulinha paz e amor"
mas é por falta de inteligência. A sociedade rejeita o ódio, e mesmo aqueles
que odeiam e instigam o ódio também pausam, pois como diz o profº Carlos
Lungarzo "Odiar também cansa".
Odiar de verdade é para pouca gente. Também por não ter apelo
aglutinativo o ódio não é um bom fator de mobilização de maiorias.
Amadores em política e sem nenhum talento para a coisa caem na
tentação de recorrer ao ódio como recurso retórico e não percebem o fracasso.
No entanto não devemos subestimar o ódio pois junto com a
persuasão, a coação, as práticas intimidantes sempre estiveram presentes na
luta política e permeiam o tecido social, principalmente nas disputas por
poder, prestígio e dinheiro.
Percebi em mim que não sou capaz de odiar, não odeio nem meus
inimigos, e não sabia por que. Isto me intrigava. Lendo um livro certa feita vi
uma passagem em que o autor dizia que só é capaz de odiar quem se sente
inferior. Achei a explicação muito boa pois nunca me senti inferior a quem quer
que seja.
Não percebo utilidade na instigação do ódio na luta política
embora reconheça a presença da violência como recorrente, mas igualmente de
vitórias transitórias.
Alerto aos mais apressados que não sou santo; é muita
responsabilidade. Sou capaz de juízos duros como um bom cidadão de Xangô e com
algum conhecimento adquirido na casa dos samurais, mas sem ódio, dentro da mais
absoluta tranquilidade baiana.
As manifestações do dia 16 de agosto [1], domingo, trazem as indagações
de sempre sobre nosso destino político. É indiscutível que têm um forte componente
de ódio contra o PT expresso, não é o único móvel mas é o mais perceptível.
Luis Nassif se arriscou nesta empresa no texto de link abaixo [2]
onde preconiza o fim da intolerância e uma incógnita que ronda o destino do
PT.
Pelo que pude interpretar ele vê na utopia um fator de luta que
o PT não mais dispõe. Não concordo pois por minha observação se luta melhor
quando amparado na realidade, utopias são mentiras bem contadas que mais cedo
ou mais tarde se esboroam no confronto com a realidade. Não gosto de fantasias, a
realidade nua e crua ainda é melhor que a melhor delas.
Em favor do PT existe o trunfo de ter desenvolvido uma cultura
política realista que pode ser assim resumida: 1) ORÇAMENTO PARTICIPATIVO como a
melhor forma de direcionar os bens públicos, principalmente a grana, para
atender ao interesse público; 2) a radicalização da democracia com a DEMOCRACIA
PARTICIPATIVA para efetivar a liberdade e a igualdade, as bases do socialismo.
Mesmo sendo o partido com mais inserção no tecido social e, portanto,
difícil de ser proscrito da vida política um fator não pode ser desconsiderado,
a propaganda contra o partido diuturnamente veiculada pela mídia golpista pode
criar uma realidade artificial sobrepujando a verdade factual na tentativa
satânica de destruí-lo. Mas por quanto tempo durará esta prestidigitação?
Creio na sobrevivência do PT como a agremiação de esquerda mais
experiente e calejada na luta política por duas razões: o partido não cometeu
nenhum grande erro que possa significar sua extinção.
Outro partido desenvolver cultura política igual ou melhor da
que o PT criou não me parece possível pois basta uma rápida análise dos que
pontificam disputando o lugar do PT para se atestar o nível de descolamento da
realidade e o dogmatismo.
Vamos aprender com os fatos pois muita coisa precisa ser feita e
a disputa é dura mas desistir significa aceitar a canga da classe dominante sem
tugir nem mugir. Quem quer viver sob a semi-escravidão que nos é imposta?
Notas
[1] Cenas
de um fiasco: 15 fotos selecionadas dos protestos
http://www.diariodocentrodomundo.com.br/cenas-de-um-fiasco-15-fotos-selecionadas-dos-protestos/
[2] A passeata de 16
de agosto é o fim de um ciclo político
http://jornalggn.com.br/noticia/a-passeata-de-16-de-agosto-e-o-fim-de-um-ciclo-politico#.VdFESKzSLYE.facebook
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